28 outubro 2024

A Maldição do Lobisomem (Deathmoon, 1978)

Telefilmesquecidos #77

O empresário Jason Palmer (Robert Foxworth), sobrecarregado de trabalho e estressado, anda incomodado por pesadelos. Seu médico recomenda férias. Ao sair do consultório, Jason se depara com um pôster de viagem para o Havaí. Em meio a praias, pôr do sol e belas garotas, lá está o rosto de uma figura sinistra que aparece nos pesadelos de Jason. Estaria ele surtando?

Já no Havaí, Jason faz amizade com sua colega de resort, Diane (Barbara Trentham), que desperta nele sentimentos românticos. O problema é que à noite, com lua cheia, Jason se transforma em lobisomem. Supondo tratar-se de mais um pesadelo, ele procura um médico local. 




Apesar disso, tudo indica que Jason é o responsável quando uma aeromoça aparece brutalmente assassinada. A coisa piora quando outros assassinatos se sucedem. Jason vê-se forçado a investigar, com a ajuda do detetive Rick Bladen (Joe Penny), os estranhos acontecimentos. Depara-se, então, com uma maldição antiga, que envolve seu avô e uma vingança do povo local.



A ideia de um telefilme sobre lobisomem em um cenário ensolarado e paradisíaco não deixa de ser interessante, mesmo com alguns detalhes meio confusos na trama e o ritmo lento. Mas é um bom entretenimento.

O elenco habitual de atores de TV cumpre o esperado neste telefilme dirigido por Bruce Kessler, experiente na direção de vários seriados clássicos das décadas de 1970 e 1980.


Dirigiu também outro telefilme exibido em fevereiro daquele mesmo ano, O Cruzeiro do Terror (Cruise Into Terror, 1978), que foi ao ar pela ABC.



A Maldição do Lobisomem estreou na TV americana em 31 de maio de 1978, na CBS. No Brasil, estreou em 1º de abril de 1981, na Globo.

Uma edição bem pobre em VHS foi lançada aqui no Brasil, na década de 1980, com o título Lua Mortal, pela Macvideo.


18 outubro 2024

Abelhas Assassinas (Killer Bees, 1974)

Telefilmesquecidos #76

O jovem Edward Van Bohlen (Edward Albert), longe da família há algum tempo, resolve atender ao pedido da namorada Victoria Wells (Kate Jackson), para voltar para casa e tentar se reconectar — também como forma de oficializar a relação.

Os Van Bohlen são detentores de uma próspera vinícola da Califórnia. Matriarca da família, a obstinada Maria van Bohlen (Gloria Swanson) domina seus netos Edward, Helmut (Roger Davis) e Mathias (Don McGovern), bem como o filho Rudolf (Craig Stevens). Ela também tem um estranho controle sobre as perigosas abelhas africanas de sua propriedade.

Edward Albert

Gloria Swanson

É claro que madame Van Bohlen não vê com bons olhos a entrada de Victoria na família. Acontece que a velha Van Bohlen não só administra a família e a vinícola, mas também as abelhas. Ela é capaz de ordenar que matem todos que ela considera uma ameaça.

Kate Jackson


A partir daí, a trama se desenvolve rapidamente, com trágicas consequências, como o título deixa bem claro. Apesar disso, para os padrões de hoje, Abelhas Assassinas seria considerado monótono. Os diálogos, no entanto, são ágeis.

Este thriller de terror para a TV é eficaz como entretenimento, embora seu maior mérito seja a presença estelar de Gloria Swanson, grande atriz do cinema mudo e eterna Norma Desmond de Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950).



Além da diva, o elenco é bom, com destaque para Edward Albert, cujo sucesso com Liberdade para as Borboletas (Butterflies Are Free, 1972) ainda estava bem recente, e Kate Jackson, antes de estourar em As Panteras (embora já fosse presença habitual em telefilmes).


Bette Davis havia sido originalmente escalada para o papel de madame Van Bohlen, mas por insistência de seu médico (que temia que ela tivesse um choque anafilático caso fosse picada pelas abelhas), ela recusou o convite e o papel acabou ficando com Gloria Swanson.

O diretor Curtis Harrington, bamba dos filmes de terror e suspense na TV e no cinema, mantém sua habitual classe. A Folha de S. Paulo de 10 de abril de 1977 atestou, em sua sinopse do filme:

Telefilme na pista do chamado Cinema Zoológico, nova moda hollywoodiana de filmes onde monstros são os personagens. Como na tevê a tela é pequena, em vez de animais os telefilmes atacam com insetos. Mas devagar as abelhas chegam a mastodontes. O diretor, porém, não é ruim no cinema, embora tenha aderido à tevê.

O jornal O Globo, na coluna de filmes na TV publicada em 27 de março de 1977, foi um pouco mais elogioso:

Exercício de suspense de terror realizado para a TV por um cultor do gênero, Curtis Harrington, estudioso do estilo do cineasta Joseph Sternberg, que já revelou especial talento no cinema ("O Terceiro Tiro", "Obsessão Sinistra") e na TV ("O Amuleto Egípcio"). 


Em meio aos filmes-catástrofe que reinaram na década de 1970, o subgênero com insetos foi especialmente prolífico. Com abelhas, no cinema, houve A Picada Mortal (The Deadly Bees, 1966), Ataque Final (The Bees, 1978) e o fracasso retumbante O Enxame (The Swarm, 1978). Na TV, a onda se manteve com Abelhas Selvagens (The Savage Bees, 1976) e O Terror que Vem do Céu (Terror Out of the Sky, 1978). Ainda de temática apícola (embora não seja filme-catástrofe),  também foi lançado naquela época Invasão das Mulheres Abelhas (Invasion of the Bee Girls, 1973).

Em 2002, um telefilme canadense bem obscuro, estrelado por C. Thomas Howell, também recebeu o título de Killer Bees. E em 2008, um filme alemão feito para a TV (Die Bienen - Tödliche Bedrohung) também foi batizado de Killer Bees nos EUA e na Inglaterra.



Abelhas Assassinas estreou na TV americana em 26 de fevereiro de 1974, na ABC. No Brasil, chegou à nossa TV em 3 de abril de 1977, na Globo, e foi bastante reprisado nas décadas seguintes.

11 outubro 2024

1ª vez na TV brasileira: 5 grandes sucessos do cinema apresentados no Supercine

Nas décadas de 1980 e 1990, o Supercine, exibido aos sábados pela Globo, após a novela das 8, era uma das sessões de filmes na TV mais prestigiadas.

Grandes produções do cinema norte-americano chegaram à nossa TV pelo Supercine, que estreou em 1º de janeiro de 1982 já exibindo o arrasa-quarteirão O Destino do Poseidon.

Infelizmente, desde que o streaming se popularizou, ao longo da última década, o Supercine tornou-se mais uma sessão apagada de filmes na TV, sem produções de interesse e sem relevância para o público atual.  

Durante as décadas em que esteve no auge, entretanto, o Supercine era sempre muito aguardado. A partir dos anos 1990, a sessão passou a exibir muitos telefilmes de suspense da TV americana.

Mas o foco desta postagem não são os filmes feitos para a TV e sim produções de sucesso do cinema daquela época. Selecionei cinco — só uma pequena amostra — desses sucessos que balançaram a TV brasileira no Supercine, nos décadas de 1980 e 1990. 



Poltergeist - O Fenômeno (Poltergeist, 1982)

Supercine 4 de janeiro de 1986


Poltergeist foi sucesso comercial, além de ter sido bem recebido pela crítica. Foi também o filme de terror com maior bilheteria de 1982 e um dos melhores do anos 1980 em seu gênero.

Escrito e produzido por Steven Spielberg e dirigido por Tobe Hooper, o longa foi lançado nos EUA em 4 de junho de 1982. Levando-se em conta que naquela época os filmes demoravam a chegar à TV brasileira, Poltergeist chegou relativamente rápido, três anos e meio depois de seu lançamento no cinema.



Grease - Nos Tempos da Brilhantina (Grease, 1978)

Supercine 28 de fevereiro de 1987


Estreia do diretor Randal Kleiser no cinema, com roteiro adaptado do musical homônimo da Broadway. Lançado nos EUA em de junho de 1978. Sucesso de crítica e de bilheteria, foi o musical de maior bilheteria da época, recorde que durou vários anos.

A trilha sonora encerrou 1978 como o segundo álbum mais vendido do ano nos Estados Unidos, atrás apenas da trilha de Saturday Night Fever, do ano anterior.  Quando estreou na TV brasileira, no Supercine, o filme já tinha quase dez anos, mas continuava popular e irresistível.



Taxi Driver – Motorista de Táxi (Taxi Driver, 1976)

Supercine 28 de março de 1987


Estreou nos cinemas em fevereiro de 1976, mas demorou mais de dez anos para chegar à TV brasileira. Dirigido por Martin Scorsese e estrelado por Robert de Niro e Jodie Foster, tornou-se um dos maiores clássicos da década de 1970 e do cinema. 

Teve quatro indicações ao Oscar. Bernard Herrmann assinou a trilha sonora, que acabou sendo a última antes de sua morte, no final de 1975.



Flashdance – Em ritmo de embalo (Flashdance, 1983)

Supercine 22 de agosto de 1987


Um dos filmes que definiram os anos 1980, Flashdance fez parte do novo estilo de musicais que estava em voga naquela década. Em vez de os personagens “cantarem” a história, a música era usada como elemento do filme, pontuando cenas e momentos, numa linguagem que se aproximava dos videoclipes (também em ascensão na época).

A trilha sonora, de enorme sucesso, vendeu feito água. Após sua estreia no Supercine, o filme foi exaustivamente reprisado pela Globo ao longo das décadas seguintes.



O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991)

Supercine 18 de dezembro de 1993


Dirigido por Jonathan Demme e estrelado por Jodie Foster e Anthony Hopkins, tornou-se o quinto filme com maior bilheteria de 1991 em todo o mundo. Mistura de suspense, drama e terror, estreou nos cinemas americanos em fevereiro de 1991 e levou uma penca de Oscars. 

Fez parte do pacote de grandes filmes que a Globo reservava para a programação especial de fim de ano. Para os padrões da época, chegou rápido à nossa TV (em menos de três anos).

05 outubro 2024

Selvagens (Savages, 1974)

Telefilmesquecidos #75

Ben Campbell (Sam Bottoms), jovem frentista em uma cidadezinha no meio do nada, fica surpreso quando Horton Madec (Horton Madec), um advogado respeitável e rico, lhe pede para ser seu guia em uma caçada no deserto. Mas, durante a caçada, Madec atira acidentalmente em um garimpeiro e a coisa muda de rumo.

Temendo que isso prejudique sua reputação, Madec pede que Ben o ajude a encobrir a morte do sujeito. Quando Ben se recusa, Madec revela sua natureza sádica e força o jovem a fugir, despido, sob a mira de sua arma. O advogado vai, literalmente, caçar Ben até abatê-lo. 



Na verdade, Madec está certo de que Ben morrerá de sede e exposição ao sol no deserto, enquanto é perseguido, e não conseguirá chegar vivo à civilização. No fim da caçada, Madec diria às autoridades que Ben cometeu o assassinato do garimpeiro e enlouqueceu depois.



Além de ser caçado por Madec, Ben também terá que enfrentar as duras condições do deserto. Será que ele consegue voltar vivo para a cidade? E, caso consiga, alguém acreditaria em sua história?

Mais que um teste de resistência, Selvagens lida com o instinto de sobrevivência em sua forma mais crua, colocando dois homens de origens e mentalidades diferentes um contra o outro, com um desafio para cada um deles.



Como a história não tem o elemento de mistério do “quem matou?” – os telespectadores sabem, desde o começo, que o personagem de Andy Griffith foi o responsável pelo assassinato – a clima aqui é mais de tensão e pressão do que de mistério. 

Os dois protagonistas não decepcionam, apesar das habituais limitações técnicas de uma produção para a TV.


Ícone da televisão norte-americana, Andy Griffith era extremamente popular nos EUA e famoso principalmente pelo programa The Andy Griffith Show (1960-1968) e pela série Matlock (1986-1992).

Andy Griffith

Sam Bottoms, figura frequente no cinema e na TV norte-americanos desde os anos 1970, surpreende como a vítima do advogado psicopata.

Sam Bottoms

O diretor Lee H. Katzin também era figurinha carimbadíssima na TV americana, tendo dirigido inúmeros telefilmes e seriados entre as décadas de 1960 e 1990.

Baseado no romance Deathwatch, de Robb White, publicado em 1972, no qual um homem caçado é forçado a correr nu no deserto de Mojave, na Califórnia.

A estreia na TV americana foi em 11 de setembro de 1974, na ABC. Aqui no Brasil, a estreia foi em 27 de junho de 1976, na Globo.

Lançado em VHS nos EUA, na década de 1980.

A história foi posteriormente refeita no longa Fora de Alcance (Beyond the Reach, 2014), estrelado por Michael Douglas e Jeremy Irvine.

Não confundir com o filme de 1972 de mesmo nome, Savages, comédia-fantasia dirigida por James Ivory. Em 2012, Oliver Stone dirigiu um filme também chamado Selvagens (Savages), mas sem relação alguma com o telefilme.