06 julho 2024

Gia: Fama e Destruição (Gia, 1998)

Telefilmesquecidos #72

Drama biográfico sobre a vida de uma das primeiras supermodelos. Retrata a personalidade rebelde, compulsiva e impulsiva de Gia Carangi. Sua tendência autodestrutiva prejudicou sua carreira, principalmente seu vício em heroína, que resultou em seu declínio profissional e à morte precoce por Aids, aos 26 anos, em meados da década de 1980. 

Gia alcançou a fama como supermodelo no final dos anos 1970 e estampou a capa da Vogue e de várias outras revistas prestigiadas. Embora esquecida hoje em dia, permanece como um ícone da moda.



A produção, da HBO, vai além dos estigmas negativos que marcavam os telefilmes nos anos 1990. Vale lembrar que, no final daquela década, as produções para a TV a cabo estavam se sofisticando e ganhando novo status. Os filmes para a TV estavam se distanciando das narrativas simplistas ou sensacionalistas e ganhando ares mais sérios.

O elenco é de primeira. A interpretação elogiada de Angelina Jolie no papel-título é irrepreensível. A amante lésbica de Gia, interpretada por Elizabeth Mitchell, também se saiu muito bem. 



Faye Dunaway vive Wilhelmina Cooper, mentora de Gia. A atriz tinha 56 anos e sua personagem, na vida real, havia morrido aos 40.


Mercedes Ruehl, na pele da mãe de Gia, também contribuiu muito para o sucesso do elenco acertado. Mila Kunis, ainda adolescente e desconhecida, interpreta Gia na infância.



Gia: Fama e Destruição foi a ponte para que Angelina Jolie passasse oficialmente de atriz promissora à integrante do primeiro escalão de Hollywood.

Como explica o crítico de cinema Conrado Heoli, no site Papo de Cinema: "Jolie extrapola as nuances e o magnetismo da modelo bissexual e viciada em drogas num papel que flertava com sua própria vida tumultuada como celebridade em início de carreira, num desempenho elogiável que lhe rendeu o Globo de Ouro e o SAG Awards."



Pouco depois, Angelina Jolie ficaria mundialmente conhecida pelo papel da paciente sociopata em Garota Interrompida (Girl, Interrupted, 1999), que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, além de outros prêmios.

A direção de Gia ficou a cargo do ator e cineasta Michael Cristofer, que voltaria a trabalhar com Jolie em Pecado Original (Original Sin, 2001).

O único aspecto, na minha opinião, em que este telefilme deixa a desejar é na reconstituição de época. Nos figurinos, cores, cabelos, cenários etc. não há o menor clima de fim de-anos-70-começo-dos-80. A impressão visual que se tem é que a história se passa na década de 1990.

Estreou na TV americana em 31 de janeiro de 1998, na HBO. Na TV brasileira, foi exibido pela primeira vez em 14 de julho de 2001, no SBT. Em 2010, foi exibido na Bandeirantes.

No jornal O Globo, Eduardo Simões, em sua coluna sobre os filmes daquela data na TV aberta, escreveu:


“Partindo dos dias rebeldes na adolescência trabalhando com seu pai e chegando até a fama e fortuna das passarelas, o filme é um interessante retrato da cena fashion mundial — e sua órbita de drogas, sexo, alguma violência e a incipiente Aids — do fim dos anos 70 e início dos 80. Jolie encarna com perfeição a personagem fadada à tragédia de seus dois vícios: promiscuidade e heroína.” (O Globo, 14 de julho de 2001).

 


No ano seguinte, quando o SBT reprisou o filme, o colunista Jaime Biaggio, também do jornal O Globo, não poupou acidez ao escrever sobre o filme em sua coluna de filmes na TV:


"Há quem ache sensual aquele bocão de quem esqueceu de botar o cinto de segurança e enfiou a cara no vidro de Angelina Jolie. Ok, não vamos discutir. Ao menos, em Gia: Fama e Destruição, telefilme que o SBT exibe às 22h30, o conteúdo é adequado."

"No papel que começou a transformá-la na estrela que é hoje, Angelina vive Gia Carangi, modelo que foi uma sensação na Nova York dos anos 70 devido à beleza e à disposição para a farra, sem pensar no amanhã. (...) A atriz se encantou pelo papel, no qual enxergou paralelos com sua própria fase doidinha. Assim nasceu um engodo, ops, um mito." (O Globo, 12 de fevereiro de 2002)


Lançado em VHS e DVD, Gia: Fama e Destruição ganhou mais visibilidade — ainda que grande parte dessa atenção tenha vindo da curiosidade sobre as “polêmicas” cenas de nudez e relações lésbicas entre Jolie e Elizabeth Mitchell. 



2 comentários:

  1. Muito interessante! Esse eu já conhecia, mas é pouco falado. Há algum tempo, não me lembro bem por qual motivo, eu conheci a história da Gia Carangi e acabei esbarrando no filme. Uma história trágica mesmo. Ótimo resgate, Daniel!

    Valdemar Morais

    ***Não sei por que não tô conseguindo comentar com minha conta! ;)***

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  2. Muito interessante! Outro ótimo resgate! Conhecia a história de Gia Carangi zapeando artigos da Wikipedia. Uma história bem trágica mesmo!

    Outra produção inspirada numa história real que gostaria de ver suas impressões, Daniel, não é um telefilme: "Star 80", filme do Bob Fosse sobre a modelo e atriz Dorothy Stratten.

    É uma história que mexe comigo há muitos anos e tenho muita curiosidade em assistir esse filme.

    Parabéns pelo ótimo trabalho mais uma vez!

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