Telefilmesquecidos #55
O adolescente Bobby (Timothy Williams), de 16 anos, é preso por posse de drogas em frente a um bar gay. Não, ele não é usuário de drogas, mas acabou envolvido, ingenuamente, em um mal-entendido.
A investigação que se segue revela que ele teve contato sexual com um homem de 35 anos. Quando a fofoca se espalha, seus colegas do colégio passam a evitá-lo e pedem sua expulsão da escola. Seu pai Joe (Tony Lo Bianco), um operário rústico e conservador, também o rejeita, enquanto sua mãe, Rose (Gisela Caldwell), tenta oferecer apoio.
O fato de ser bom aluno, premiado em matemática e membro da equipe de natação do ensino médio não impede que Bobby seja hostilizado. Seus únicos aliados são sua ex-namorada problemática (Nan Woods), um professor compreensivo (John Karlen) e um motoqueiro rebelde que abandonou os estudos (Adam Baldwin).
Bobby chega a se aconselhar com um padre. Tempos depois, tenta um relacionamento com um homem mais velho, mas a relação dá errado e torna tudo ainda mais difícil. Além de ter que lidar com preconceito e sentimentos de confusão sobre sua própria sexualidade, Bobby terá que enfrentar seus algozes e tentar achar seu caminho na vida, da forma mais dolorosa.
Dirigido por Herbert Wise, austríaco de nascimento que se mudou cedo para a Inglaterra, onde teve uma prolífica carreira como produtor de televisão e diretor, ao longo de cinco décadas. Wise dirigiu também A Mulher de Preto (The Woman in Black, 1989), tema da postagem anterior aqui no blog.
O SBT (que na época ainda era TVS) tinha o dom de fazer as chamadas mais sensacionalistas e assustadoras para os filmes exibidos em sua programação. Sempre com a voz do locutor em tom dramático e apelativo. Especialmente na década de 1980 isso era notório. Silvio Santos reprisava os filmes ao extremo e as chamadas também eram exibidas em todos os intervalos comerciais.
Bem-vindo ao Lar, Bobby era um desses casos. A chamada me arrepiava, principalmente a cena em que Bobby coloca brincos e maquiagem para afrontar seu pai, em uma violenta discussão durante o jantar. Eu tinha 10 anos e entendia aquilo como algo ameaçador, extremamente “errado e proibido”.
Quase não há informações sobre este telefilme na internet e as poucas disponíveis não são muito precisas ou detalhadas. No entanto, na época, apesar de simplório, o filme foi uma tentativa sincera de mostrar que aquele tipo de situação era uma realidade, apesar de ainda ser um tema tabu nos anos 1980.
Estreou na TV americana em 22 de fevereiro de 1986, pela CBS. No Brasil, estreou em 29 de setembro de 1989, no SBT, no famigerado Cinema em Casa (que na época era exibido à noite). Quase dez anos depois, após ser reprisado algumas vezes pelo SBT, o filme foi para a Rede Manchete.
O Globo, 29 de setembro de 1989 |
Em sua crítica para o jornal LGBT The Washington Blade, Noel Gillespie disse que o filme é "bem atuado, escrito de maneira inteligente e convincente, dirigido de maneira suave e desenvolvido de forma objetiva". Também elogiou Timothy Williams por tornar o personagem principal "atraente e crível e recebe forte apoio de um elenco excelente (...). O roteiro evita respostas prontas e situações que podem ser esperadas."
As colunas de sinopses dos jornais brasileiros não ajudaram muito: "O elenco, desconhecido, tenta dar algum sentido a este desarticulado drama sobre intolerância sexual, que atira em várias tramas paralelas." (Jornal do Brasil, 22 de julho de 1991).
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