01 fevereiro 2024

Quando Michael Chama (When Michael Calls, 1972)

Telefilmesquecidos #68

Helen (Elizabeth Ashley) é uma mãe divorciada cuja vida se complica quando ela começa a receber telefonemas perturbadores. É a voz de um menino chamado Michael, que se refere a ela como “tia Helen”. De fato, ela tinha um sobrinho com esse nome. Mas ele morreu há quinze anos.

O suposto menino começa a citar pessoas ligadas à família e ao seu próprio falecimento. E essas pessoas começam a morrer. Será que Michael, cujo corpo nunca foi encontrado, ainda está vivo? Estaria o ex-marido de Helen, Doremus (Ben Gazzara) tentando assustá-la por meio daquele trote doentio? Ou seria coisa de um dos pacientes da casa vizinha, onde funciona uma instituição para jovens perturbados? 



Craig, personagem de Michael Douglas, é o psiquiatra da escola para crianças com distúrbios mentais. E também é irmão mais velho da criança morta (o Michael do título), suposta autora dos telefonemas sinistros. Espantado, ele reconhece a voz como a de seu irmão e tenta ajudar Helen.

As possibilidades são muitas: vingança, loucura, fenômenos sobrenaturais. Talvez a resolução do mistério possa parecer óbvia hoje em dia, mas o suspense crescente prende o telespectador.



Quando Michael Chama é uma adaptação do romance When Michael Calls, de John Farris, publicado originalmente em 1967. O popular autor de terror norte-americano (que não é tão conhecido no Brasil) também teve outro de seus livros adaptado para o cinema: A Fúria (The Fury), dirigido por Brian De Palma em 1978.

Michael Douglas já havia atuado em alguns filmes de pouca repercussão na virada dos anos 1960 para os 1970. Mas ainda era conhecido nos EUA apenas como “o filho de Kirk Douglas”. Sua popularidade veio com o seriado São Francisco Urgente (The Streets of San Francisco, 1972-1976). A partir do final da década de 1970, começou a se destacar em longas como Síndrome da China (The China Syndrome, 1979). Nos anos 1980, estrelou diversos filmes de sucesso como Tudo por uma Esmeralda (Romancing the Stone, 1984), Atração Fatal (Fatal Attraction, 1987), Wall Street - Poder e Cobiça (Wall Street, 1987) e A Guerra dos Roses (The War of the Roses, 1989), consagrando-se um dos melhores atores de sua geração.

O diretor deste telefilme, Philip Leacock, teve uma extensa carreira no cinema, entre o final dos anos 1940 e o começo dos 1960. A partir do final da década de 1960, construiu uma prolífica carreira na televisão e dirigiu inúmeros telefilmes e seriados populares das décadas de 1970 e 1980. 



O roteirista James Bridges foi eficiente ao estabelecer em Quando Michael Chama as bases para o mistério que se desenrola. Alguns anos depois, Bridges escreveria e dirigiria filmes como Síndrome da China (The China Syndrome, 1979), Cowboy do Asfalto (Urban Cowboy, 1980) e Perfeição (Perfect, 1985).

Quando Michael Chama estreou na TV americana em 5 de fevereiro de 1972, pelo canal ABC. No Brasil, chegou em 21 de agosto de 1973, pela Record. Ao longo daquela década, foi reprisado inúmeras vezes e andou pela Bandeirantes e TVS. Em uma de suas reprises, a Folha de S. Paulo (5 de setembro de 1975) avisou na sinopse: "Os americanos (crítica e público) receberam mal este filme de suspense feito para a TV, com argumento sugestivo, bons intérpretes, mas resultados sofríveis".

Na década de 1980 – a era do VHS – este telefilme foi lançado em vídeo nos EUA com o título Shattered Silence [silêncio quebrado], tirando vantagem do então recente sucesso de Michael Douglas em Atração Fatal. Aqui no Brasil, também lançaram a fita, mas com outro título em português: Silêncio Mortal

A capa do VHS brazuca – pra lá de canastrona – estampava uma foto do ator, dando a entender que ele era o destaque do filme. Como se não bastasse, a contracapa ainda trazia a seguinte frase: “Michael Douglas (Wall Street, Black Rain e Atração Fatal) em mais uma nova e grandiosa interpretação cheia de suspense e mistério.”

Essa prática, aliás, era bastante comum nas décadas de 1980 e 1990. Pegavam um telefilme obscuro, com algum um ator ou atriz que tinha ficado famoso depois, e lançavam esse telefilme antigo em vídeo, como se fosse um “filme novo”.

Isso continuou sendo feito até mesmo na era do DVD, com títulos esquecidos e obscuros lançados em edições baratas de DVD. Claro que Silêncio Mortal também ganhou uma edição brasileira, com capa "modernosa", porém com o título Silêncio Quebrado.

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