20 julho 2023

O Aniquilador (Annihilator, 1986)

Telefilmesquecidos #60

"Tenho uma leve suspeita de que a reunião para vender a ideia de O Aniquilador foi mais ou menos assim: 'Pense que O Fugitivo encontra Invasores de Corpos e The Stepford Wives, com uma pitadinha de O Exterminador do Futuro!' Sim, aposto que foi mais ou menos assim. Se não, deveria, pois é exatamente isso que O Aniquilador é." 

Assim o site Dread Central, em postagem de 11 de janeiro de 2008, descreveu o telefilme O Aniquilador, um dos meus grandes favoritos. E procede. Eu já havia citado o filme no post 6 (bons) telefilmes de suspense lançados em vídeo no Brasil. Agora é a vez de O Aniquilador ganhar uma postagem só dele.

A vida do jornalista Richard Armour (Mark Lindsay Chapman) vira de cabeça para baixo quando sua namorada e colega de trabalho, Angela (Catherine Mary Stewart), ganha passagens para o casal curtir férias a dois no Havaí. Ocupado com compromissos de trabalho, Richard não pode acompanhá-la. Ela leva, então, sua amiga e também colega de trabalho Cindy (Lisa Blount).

Catherine Mary Stewart e Mark Lindsay Chapman


Lisa Blount

No entanto, durante o voo, o avião desaparece do radar por mais de uma hora e depois reaparece — mais ou menos como na série Manifest: O Mistério do Voo 828 (Manifest, 2018) — como se nada tivesse acontecido. Por mais estranho que tenha sido o ocorrido, ninguém parece ciente de que houve qualquer tipo de problema.

O negócio é que alguma coisa aconteceu sim. E Robert vai percebendo estranhas mudanças no comportamento da namorada Angela, que passa a agir com frieza e a pensar radicalmente diferente de seu habitual.



Durante um fim de semana numa romântica cabana, Robert descobre, da pior forma, que aquela não era exatamente Angela e sim uma espécie de réplica robótica e diabólica. 

É difícil falar deste telefilme sem estragar as surpresas, mas o fato é que Robert se vê obrigado a destruir a tal ciborgue maléfica para salvar a própria vida. A partir daí, passa a fugir para provar sua inocência e tentar descobrir o que aconteceu com os passageiros do voo no qual Angela estava. Para isso, conta com a ajuda de Layla (Susan Blakely), que o socorre durante a fuga.


Mark Lindsay Chapman e Susan Blakely

No meio do filme, um longo videoclipe com imagens variadas, algumas de flashback, outras intrigantes, ao som de Ashes to Ashes, de David Bowie (que, por algum motivo estranho, não é creditado!). O clipe não acrescenta nada à história, o que leva a crer que tenha sido incluído apenas por ser uma moda em alta na era dos videoclipes, que vivia seu auge.

Embora o filme nos deixe com mais perguntas do que respostas, na reta final temos uma ligeira (e superficial) noção da intenção dos supostos robôs e sua “missão”, graças a um personagem que revela que eles são uma categoria de robôs chamada “dinamitados”.


Geoffrey Lewis

Cada dinamitado é programado individualmente para a pessoa que está substituindo, mas todos respondem a um superior não especificado. Qualquer que seja a força desconhecida por trás desses robôs com cara de humanos, não saberemos. O longa O Aniquilador era, originalmente, o piloto de uma série da NBC que nunca chegou a ser realizada.

O fato é que, com o piloto pronto nas mãos, o jeito foi lançá-lo como telefilme, por mais que a história deixe várias lacunas não preenchidas. Não se sabe por que o projeto da série foi engavetado. A história é boa e prende a atenção. A produção é caprichada e o elenco é bacana. Fica a pergunta: por que a NBC não quis dar continuidade à história?

O interessante é que este telefilme tem, de fato, momentos assustadores. A maquiagem dos robôs (incluindo os olhos que acendem) é bastante eficaz e convincente. Tanto que levou o prêmio Emmy de melhor maquiagem da temporada 1985/86. Os “efeitos especiais”, por assim dizer, são muito bons – o que não era comum em produções para a TV.

O visual anos 1980 altamente carregado, entretanto, fez com que o filme ficasse rapidamente datado. Mas isso não prejudica em nada a trama: há boas doses de suspense, terror e ação.



O protagonista Mark Lindsay Chapman recebeu esse papel como compensação depois de ser escalado como John Lennon no telefilme biográfico John e Yoko: Uma História de Amor (John and Yoko: A Love Story, 1985), produzido pela NBC. Porém, a semelhança entre seu nome e o do assassino de John Lennon, Mark David Chapman, o impediu de interpretar o papel. A viúva de Lennon, Yoko Ono, que participou da produção e inicialmente havia ficado impressionada com o teste do ator, rejeitou-o logo após descobrir que seu nome completo era Mark Lindsay Chapman. No ano seguinte a NBC, então, deu a ele o papel principal em O Aniquilador.

Mark Lindsay Chapman

O diretor Michael Chapman (sem relação com o ator Mark Lindsay Chapman, apesar do sobrenome) tinha um histórico de respeito. Começou sua carreira no cinema, como operador de câmera e se destacou em O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972), de Francis Ford Coppola, e Tubarão (Jaws, 1975), de Steven Spielberg. Em seguida, tornou-se diretor de fotografia, função na qual se sobressaiu em dezenas de filmes, como Taxi Driver - Motorista de Táxi (Taxi Driver, 1976), Invasores de Corpos (Invasion of the Body Snatchers, 1978), Touro Indomável (Raging Bull, 1980), Os Garotos Perdidos (The Lost Boys, 1987), O Fugitivo (The Fugitive, 1993), As Duas Faces de um Crime (Primal Fear, 1996) e vários outros. 

Michael Chapman

Para o cinema, dirigiu A Chance (All the Right Moves, 1983), um dos primeiros filmes de Tom Cruise, e colaborou novamente com Martin Scorsese no curta-metragem/videoclipe da canção Bad, de Michael Jackson, em 1987.

O Aniquilador estreou na TV americana em 7 de abril de 1986, na NBC. Aqui no Brasil, foi exibido pela primeira vez em 15 de setembro de 1990, na Globo (Supercine).

Chamada do filme no Supercine (1990)

Corujão (2009)

Reprisado algumas vezes pela emissora, atraiu boa audiência. Aliás, foi na reprise do Festival Primavera, em outubro de 1992, que o gravei. Foi a primeira vez que gravei um filme da TV no videocassete.

Na segunda metade da década de 1990 O Aniquilador foi parar no SBT, no Cinema em Casa. Anos depois voltou para a Globo, no Corujão, já em 2009. A versão exibida na TV brasileira (dublada) tem quase 2 minutos de cortes. Em algumas exibições, a sequência do clipe também foi cortada.

O filme foi lançado em VHS em vários países. Aqui no Brasil, a fita saiu pela CIC Video.


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