Uma das coisas mais divertidas ao assistir a novelas antigas são as surpresas curiosas nas quais a gente esbarra. Atualmente assistindo à primeira versão de Anjo Mau (1976), de Cassiano Gabus Mendes, na Globoplay, me deparei com ninguém menos que Djavan.
Não, não tem nenhuma faixa do Djavan na trilha sonora de Anjo Mau. Mas o cantor (que na época ainda não era famoso) apareceu no capítulo 22 (exibido originalmente em 26 de fevereiro de 1976), bem no primeiro mês da novela.
Ele aparece rapidamente, só por alguns segundos, na cena em que Rodrigo (José Wilker) leva Nice (Susana Vieira) à boate 706, no Leblon, Zona Sul carioca. Na boate estão também Ricardo (Luiz Gustavo) e Paula (Vera Gimenez).
Djavan (de camisa xadrez, de costas) |
Enquanto se desenrola a ação entre os personagens, Djavan canta, junto com o grupo, outro hit da época: Feel Like Making Love, de Roberta Flack, do álbum homônimo lançado pela cantora em 1975.
Então com 27 anos, o cantor, natural de Maceió, havia chegado ao Rio de Janeiro poucos anos antes, para tentar a sorte no mercado musical. Foi naquele período que Djavan trabalhou como crooner de boates famosas como a Number One e a 706.
Djavan na 706 |
A biografia do cantor, em seu site oficial, conta:
Com a ajuda de Edson Mauro, radialista e conterrâneo, conhece João Araújo, presidente da Som Livre, que o leva para a TV Globo. Passa a cantar trilhas sonoras de novelas, para as quais grava músicas de compositores consagrados como "Alegre Menina" (Dori Caymmi, com letra de Jorge Amado), da novela Gabriela, "Qual é" (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), da novela Os Ossos do Barão (1973), e "Calmaria e Vendaval" (Toquinho e Vinícius de Moraes).
Em três anos, entre 1972 e 75, nas horas vagas do microfone, compõe mais de 60 músicas, de variados gêneros. Com uma delas, o samba “Fato Consumado”, tira segundo lugar no Festival Abertura, realizado pela TV Globo em 1975, e chega ao estúdio da Som Livre. De lá sai com seu primeiro disco, das mãos do mítico produtor (de Carmen Miranda a Tom Jobim) Aloysio de Oliveira. A voz, o violão, a música de Djavan, de 1976, é um disco de samba sacudido, sincopado e diferente de tudo que se fazia na época.
A 706 ficava na rua Ataulfo de Paiva, uma das principais do Leblon. A boate era também chamada de Piano Bar 706 e o local era frequentado por músicos, artistas e cantores renomados, além da elite carioca. Curiosamente, Djavan já havia aparecido — também cantando na 706 — na novela Corrida do Ouro, de Lauro César Muniz e Gilberto Braga, exibida pela Globo entre 1974 e 1975.
Djavan em Corrida do Ouro (1974) |
Como o próprio Djavan explica, entrevistado por Irlam Rocha Lima para o jornal Correio Braziliense em 2017:
"Por três anos, eu cantei na noite carioca, nas boates Number One e 706. Eu era crooner da banda de Osmar Milito, músico de muito prestígio. Mas eu só me tornei conhecido naquele meio."
"Inicialmente, não tive facilidade. Não conhecia ninguém, mas procurei me situar. O Adelson Alves era um radialista famoso naquela época que apresentava o programa O amigo da madrugada, na Rádio Nacional. Fui à emissora incontáveis vezes para mostrar o que estava fazendo. Até que um dia, me ouviu cantar. Mas me desencorajou, ao dizer que seu programa era voltado para o samba tradicional e que a música que eu fazia não se adequava à programação. Aí sugeriu que eu procurasse o João Melo, na Som Livre."
Com o LP A voz, o violão e a arte de Djavan, lançado em 1976, Djavan emplacou a música Flor de Lis e deu início à sua carreira de sucesso, tornando-se um dos maiores cantores da música popular brasileira.
Foi uma surpresa mesmo! Ele aparece também no capítulo 117 e 118 acompanhando a banda com Marido Ideal - música nacional da novela.
ResponderExcluirOlá, estou assistindo no globoplay e irua comentar isso. Apareceu bastante.
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