Telefilmesquecidos #15
Um dos telefilmes mais peculiares e estranhamente fascinantes. Não há muitos no gênero como Castelos de Areia — o que considero uma coisa boa. O enredo é tão artificial e exagerado que, por alguma razão "telefilmística", acaba funcionando e nos fazendo embarcar na improvável narrativa.
A história gira em torno de um restaurante de beira de estrada, o Papa Bear. Seu simpático proprietário, Alexis (Herschel Bernardi), torna-se o melhor amigo de Michael (Jan-Michael Vincent), um jovem de aparência angelical, artista, sonhador e sem destino. Alexis o coloca para trabalhar em seu estabelecimento, apesar dos problemas financeiros do empreendimento.
Michael é encarregado de levar os cheques do restaurante ao banco e retornar com o dinheiro sacado, que pagaria as dívidas do Papa Bear. No entanto, sem nenhum motivo especial, Michael troca o cheque administrativo por dinheiro e foge. Depois, pensa bem, percebe a insensatez de seu ato, arrepende-se e decide voltar para o Papa Bear e devolver o dinheiro, pegando uma carona com um desconhecido.
Para infelicidade de Michael, o tal sujeito que deu a carona, Frank (Gary Crosby), sofre um acidente com um carro dirigido por uma jovem e inocente musicista, Jenna (Bonnie Bedelia). Michael é jogado para fora do carro, desacordado, e Frank foge do local. Enquanto Jenna conforta Michael, que agoniza, os dois experimentam o amor à primeira vista. Jenna tem a aparência da garota que sempre surgia nos devaneios românticos de Michael.
Alexis chega ao local logo após o corpo de Michael ser removido pelas autoridades e encontra Jenna perturbada. Sem saber da conexão da jovem com Michael, Alexis a leva para o restaurante, para que a moça se acalme e se recomponha. As circunstâncias deixam Alexis com a impressão de que Michael fugiu com os 20 mil dólares. Mais rocambolesco, impossível.
Jenna passa a vagar pela praia nas redondezas do Papa Bear, onde conhece Michael — a quem ela não reconhece pelo acidente — e eles passam a ter encontros românticos, quase platônicos. O rapaz costuma ficar ali, fazendo esculturas de areia. Entre elas, grandes castelos e até a mulher de seus sonhos. Michael, então, lentamente se dá conta de que "ressuscitou" temporariamente para consertar as coisas no Papa Bear e reparar seu erro momentâneo.
Ou seja: trata-se de uma história de amor sobrenatural sobre um fantasma que retorna dos mortos para concluir negócios inacabados, por assim dizer. Bonnie Bedelia e Jan-Michael Vincent estão convincentes como o casal que vive um amor verdadeiro, porém impossível, talvez por causa da inocência doce e quase pueril com que desempenham seus papéis (que seriam difíceis de engolir, mas a gente engole porque é um telefilme). Ambos eram rostos jovens e já promissores na TV americana, e emendavam um trabalho no outro. Vincent faleceu ano passado. Bedelia continua na ativa. A atriz tornou-se conhecida nos anos 1980 por interpretar a mulher de Bruce Willis no filme Duro de Matar (Die Hard, 1988) e suas sequências.
Dificilmente teríamos hoje um telefilme tão excessivamente açucarado e sentimental feito Castelos de Areia. Como admirador confesso desse tipo de produção, reconheço que havia uma espécie de autoconsciência escalafobética nesses filmes. Sabemos que são melosos, alguns até canhestros. Mas a ideia é simplesmente aceitar que eles podem nos entreter muito. E aquela seriedade afetada conferia um clima ainda mais divertido. Isso é o que os torna especiais, na minha opinião.
Dirigido por Ted Post (que dirigiu os ótimos O Bebê e Magnum 44 no ano seguinte), Castelos de Areia caiu na obscuridade, mas ficou marcado por sua técnica de filmagem. Foi o primeiro filme para a TV gravado com o método de videotape de câmera única, processo raramente usado em filmes.
Estreou na TV americana pelo canal CBS, em 17 de outubro de 1972. No Brasil, apareceu na Globo em 6 de novembro de 1975.
Ola!! Nossa vi esse filme e adorei na epoca.foi na globo mesmo.so vi uma vez.e hj, encontrei .foi um filme que marcou.e hj gostsria de assistir, mesmo sendo uma historia muito inocente e romantica.
ResponderExcluirEu era uma pré-adolescente quando assisti este filme. Naquela época eu amei e chorei, também. Nunca esqueci e gostaria de assistir de novo.
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