19 novembro 2024

O Amuleto Egípcio (The Cat Creature, 1973)

Telefilmesquecidos #80

Frank Lucas (Kent Smith), avaliador imobiliário, vai até a casa de um cliente falecido para completar um inventário de uma coleção de artefatos antigos. No porão, descobre um sarcófago com uma múmia usando um amuleto de ouro maciço. A peça tem a figura de uma cabeça de gato com olhos de esmeralda. Mas Frank é brutalmente atacado e morto por uma criatura felina.

Um ladrão pé-de-chinelo aparece depois, rouba o amuleto e tenta penhorá-lo numa loja de artigos esotéricos. A dona da loja, Hester Black (Gale Sondergaard) o expulsa.



Stuart Whitman

Enquanto isso, o tenente Marco (Stuart Whitman) investiga o assassinato do avaliador imobiliário com a consultoria especializada de Roger Edmonds (David Hedison), professor de arqueologia. Tudo parece ligado ao amuleto de ouro roubado da propriedade, o que desencadeia uma série de mortes.


Gale Sondergaard

Meredith Baxter

Quando a balconista da loja esotérica se mata em circunstâncias suspeitas, Hester Black contrata uma outra jovem, Rena (Meredith Baxter), que vai colaborar com as investigações policiais.

O elenco competentíssimo é abrilhantado por Gale Sondergaard, atriz de sucesso da Hollywood dos anos 1940 que interrompeu sua carreira quando o marido — o diretor Herbert Biberman — foi perseguido pelo macarthismo, no início da década de 1950. Com o marido acusado de comunista e integrando a primeira lista negra de Hollywood, a carreira de Gale ficou estagnada e ela passou a atuar no teatro. No final da década de 1960 e início da de 1970, fez algumas participações em séries de TV. O Amuleto Egípcio foi um dos primeiros filmes que ela fez desde o período em que se afastara do cinema, em 1949. 


David Hedison

O Amuleto Egípcio também é uma homenagem a Val Lewton, um dos mais influentes produtores de filmes de terror da era clássica de Hollywood, e a seus filmes de terror de baixo orçamento da década de 1940. Daquela época, o elenco também conta com participações de Kent Smith, que estrelou o clássico Sangue de Pantera (Cat People, 1942) e sua sequência A Maldição do Sangue da Pantera (The Curse of the Cat People, 1944), John Abbott e John Carradine.

A jovem Meredith Baxter, então estreando em telefilmes e recém-saída de Ben, o Rato Assassino (Ben, 1972), também está ótima em seu papel. Baxter tornou-se, nas décadas de 1980 e 1990, uma das atrizes mais frequentes em seriados de TV e telefilmes como O Segredo de Kate (Kate’s Secret, 1986).



John Abbott

A ideia principal do produtor Douglas S. Cramer era fazer um thriller retrô com tema ocultista, na mesma linha dos "filmes B" da década de 1940.

Para o roteiro, contratou Robert Bloch, o mesmo de Psicose (Psycho, 1960). Para a direção, Curtis Harrington, especialista em terror psicológico e suspense, como atestam seus filmes Obsessão Sinistra (What's the Matter with Helen?, 1971), Fábula Macabra (Whoever Slew Auntie Roo?, 1972), Raça Maldita (The Killing Kind, 1973) e Ruby, A Amante Diabólica (Ruby, 1977), além de telefilmes como Abelhas Assassinas (Killer Bees, 1974) e Cão do Diabo (Devil Dog: The Hound of Hell, 1978) e de seriados clássicos nas décadas de 1970 e 1980. 



Os planos do diretor Curtis Harrington de transformar a personagem Hester Black em lésbica foram rejeitados pelo departamento de padrões e práticas da rede ABC, que estipulava que não poderia haver referências à homossexualidade no filme. Irritado, Harrington retaliou incluindo uma personagem prostituta anã ao filme.

O Amuleto Egípcio estreou na TV americana em 11 de dezembro de 1973, na ABC, e foi elogiado pela crítica. A estreia na TV brasileira foi em 11 de janeiro de 1975, na Globo.


Na década de 1980, o filme passou para a Bandeirantes, onde foi bastante reprisado.

11 novembro 2024

A Última Criança (The Last Child, 1971)

 Telefilmesquecidos #79

“Em algum momento em um futuro não muito distante”. Este é o aviso que abre o telefilme e parece nos preparar para algo possivelmente assustador. 

O jovem casal Allen (Michael Cole) e Karen (Janet Margolin), cujo primeiro filho morreu apenas 15 dias após o nascimento, está esperando um novo filho. O problema é que eles precisam fugir das autoridades quando ela se recusa a submeter-se a um aborto obrigatório por lei.

Janet Margolin e Michael Cole


O que acontece é o seguinte: o “futuro não muito distante” ao qual o filme se refere é o ano de 1994. E nesse futuro é ilegal ter mais de um bebê, devido à superpopulação. 

A crise populacional resultou em leis extremamente radicais. Além de nenhum casal poder ter mais de um filho, ninguém com mais de 65 anos pode receber qualquer tratamento médico, exceto o mais superficial.


Por isso o casal desafia a lei e tenta ter um segundo bebê. Barstow (Edward Asner), o agente de controle populacional, vai persegui-los implacavelmente.

Edward Asner

Nessa corrida pela vida do filho prestes a nascer, Allen e Karen planejam escapar para o Canadá, mas encontram a fronteira fechada. É quando recebem ajuda inesperada de Quincy George (Van Heflin), senador aposentado dos EUA que se opôs às Leis de Controle Populacional. Ele dá abrigo ao casal, mesmo correndo grande risco, e usa sua influência política para tentar bloquear a perseguição de Barstow. 


O elenco é bom, com destaque para o vilão interpretado por Ed Asner. Mais conhecido do público norte-americano pelo seriado Mary Tyler Moore (1970-1977), o ator participou de inúmeros filmes para o cinema e para a TV, como Antro de Milionários (Haunts of the Very Rich, 1972) e Um Grito de Morte (Death Scream, 1975), além de diversos seriados. Asner também fez a voz do personagem principal da animação Up - Altas Aventuras (Up, 2009).


Van Heflin

Último filme de Van Heflin, um dos atores mais versáteis da Era de Ouro de Hollywood e ganhador do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 1942 por Estrada Proibida (Johnny Eager, 1941). Também ficou muito conhecido por Os Brutos Também Amam (Shane, 1953) e muitos outros sucessos.

John Llewellyn Moxey, um dos mais prolíficos diretores de filmes para a TV, faz jus ao profissionalismo atribuído a ele.

Peter S. Fischer, que mais tarde tornou-se um escritor e produtor de TV de sucesso, fez sua estreia como roteirista de televisão em A Última Criança.

Michael McKenna, em seu livro The ABC Movie of the Week: Big Movies for the Small Screen (2013), explica que "A Última Criança foi um subproduto de um ponto de vista cultural e acadêmico crescente, argumentando que o planeta e seus habitantes enfrentariam a extinção inevitável se os controles populacionais globais não fossem decretados. O trabalho mais conhecido, se não infame, foi o best-seller de Paul Erlich, The Population Bomb (1968). Houve também uma série de programas de TV e filmes para o cinema apresentando o tema da superpopulação, incluindo um episódio muito semelhante do programa Stage 67 (1966), da ABC, e longas-metragens como No Mundo de 2020 (Soylent Green, 1973) e Fuga no Século 23 (Logan's Run, 1976)."

Embora o futuro superpovoado de A Última Criança não tenha se concretizado, o filme pinta um quadro sombrio de um mundo onde as mulheres não têm controle sobre seus corpos e o controle do governo é quase absoluto, além de limitar os cuidados com os idosos.

Estreou na TV americana em 5 de outubro de 1971, na ABC. Aqui no Brasil, a estreia na TV foi em 7 de junho de 1973, na Globo.

Não confundir com A Última Criança (Last Child), filme coreano de 2017 sem qualquer relação com o telefilme.

04 novembro 2024

Assassinato em Família (Honor Thy Father and Mother: The Menendez Killings, 1994)

Telefilmesquecidos #78


Baseada em fatos reais, a história dos irmãos Lyle (Billy Warlock) e Erik Menendez (David Berón), que assassinaram seus pais José (James Farentino) e Kitty Menendez (Jill Clayburgh) em Beverly Hills, em 1989, alegando terem agido em legítima defesa após sofrerem anos de abusos.



O telefilme reconstrói os eventos que levaram ao crime brutal, mostrando a rotina turbulenta da família, que publicamente era um exemplo de sucesso e virtude, mas que na intimidade era um caos total.


O caso, extensamente espetacularizado pela mídia no começo da década de 1990, dividiu a opinião pública e causou muita polêmica.


Da esquerda para a direita: Lyle (Billy Warlock), Kitty (Jill Clayburgh), José (James Farentino) e Erik (David Berón)




De um lado, a acusação pretendia provar que os irmãos mataram os pais por ganância, de olho na fortuna de aproximadamente 14 milhões de dólares da família. Por outro lado, a defesa tentava provar que o crime foi motivado por anos de abusos físicos e psicológicos praticados pelos pais de Lyle e Erik. 


Livrando-se da pena de morte, os irmãos acabaram condenados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.





O filme se baseia nas transcrições do primeiro julgamento de Lyle Menendez e Erik Menendez, ocorrido em 1993, além do livro de não-ficção
Blood Brothers: The Inside Story of the Menendez Murders (1994), escrito por Ron Soble e John Johnson.



Em sua crítica sobre o telefilme, para a revista Variety de 18 de abril de 1994, Patricia O'Connell escreveu:


"No geral, a qualidade é alta, o que é surpreendente, dada a natureza imoral da história e a velocidade com que o telefilme foi produzido. A adaptação do [roteirista] Michael Murray é fiel ao livro Blood Brothers, e a direção de Paul Schneider é imparcial. A música melodramática e exagerada de Shuki Levy, no entanto, atinge uma nota falsa."



A jornalista ainda fez uma avaliação positiva sobre a escolha de James Farentino e Jill Clayburgh para os papéis dos pais:


"James Farentino está assustador como o cruel e frio José; sua atuação quase faz com que fiquemos solidários aos filhos. Jill Clayburgh, como Kitty, está incompleta, mas isso tem mais a ver com o roteiro do que com a atuação da atriz."


"O Lyle de Billy Warlock é tão assustador quanto o José de James Farentino; David Beron também faz um ótimo trabalho como o emotivo e contraditório Erik. Susan Blakely não consegue captar a energia e a intensidade quase maníaca da advogada de defesa Leslie Abramson."


Este foi o primeiro filme sobre os assassinatos cometidos por Erik e Lyle Menendez. O diretor Paul Schneider, competente, dirigiu vários seriados e telefilmes entre as décadas de 1980 e 2000.


VHS lançado nos EUA

A estreia na TV americana foi em 18 de abril de 1994, no canal Fox. Pouco mais de um mês depois, Menendez: A Killing in Beverly Hills (1994), outro telefilme sobre o mesmo caso, estreou na CBS. 


No entanto, Assassinato em Família demorou a chegar ao Brasil. Quando estreou em nossa TV, na Record, em 24 de agosto de 2000, o caso já havia caído no esquecimento há muito tempo.



O que reavivou o frenesi, tanto do público quanto da mídia, em relação ao caso, foi a recente série da Netflix Monstros - Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais (Monsters: The Lyle and Erik Menendez Story, 2024), criada por Ryan Murphy e Ian Brennan. Há até rumores de que os irmãos Menendez podem deixar a prisão em dezembro deste ano. Será?


Billy Warlock (Lyle) e David Berón (Erik)

28 outubro 2024

A Maldição do Lobisomem (Deathmoon, 1978)

Telefilmesquecidos #77

O empresário Jason Palmer (Robert Foxworth), sobrecarregado de trabalho e estressado, anda incomodado por pesadelos. Seu médico recomenda férias. Ao sair do consultório, Jason se depara com um pôster de viagem para o Havaí. Em meio a praias, pôr do sol e belas garotas, lá está o rosto de uma figura sinistra que aparece nos pesadelos de Jason. Estaria ele surtando?

Já no Havaí, Jason faz amizade com sua colega de resort, Diane (Barbara Trentham), que desperta nele sentimentos românticos. O problema é que à noite, com lua cheia, Jason se transforma em lobisomem. Supondo tratar-se de mais um pesadelo, ele procura um médico local. 




Apesar disso, tudo indica que Jason é o responsável quando uma aeromoça aparece brutalmente assassinada. A coisa piora quando outros assassinatos se sucedem. Jason vê-se forçado a investigar, com a ajuda do detetive Rick Bladen (Joe Penny), os estranhos acontecimentos. Depara-se, então, com uma maldição antiga, que envolve seu avô e uma vingança do povo local.



A ideia de um telefilme sobre lobisomem em um cenário ensolarado e paradisíaco não deixa de ser interessante, mesmo com alguns detalhes meio confusos na trama e o ritmo lento. Mas é um bom entretenimento.

O elenco habitual de atores de TV cumpre o esperado neste telefilme dirigido por Bruce Kessler, experiente na direção de vários seriados clássicos das décadas de 1970 e 1980.


Dirigiu também outro telefilme exibido em fevereiro daquele mesmo ano, O Cruzeiro do Terror (Cruise Into Terror, 1978), que foi ao ar pela ABC.



A Maldição do Lobisomem estreou na TV americana em 31 de maio de 1978, na CBS. No Brasil, estreou em 1º de abril de 1981, na Globo.

Uma edição bem pobre em VHS foi lançada aqui no Brasil, na década de 1980, com o título Lua Mortal, pela Macvideo.