Telefilmesquecidos #27
Alex (Jim Hutton) e Sally Farnham (Kim Darby) acabam de herdar a velha casa da avó de Sally. Embora Alex preferisse morar em um apartamento, acaba concordando com a esposa e se mudando. O lugar é encantador, mas a mansão, muito antiga, está deteriorada e precisa de algumas reformas e retoques. Até aí, tudo bem.
Sally se sente especialmente atraída por um ambiente isolado da casa, que possui uma lareira fechada, monitorada pelo caseiro Harris (William Demarest). A moça cisma de abrir a tal lareira e, sem saber, liberta pequenos e bizarros seres, pouco menores que anões, de feições monstruosas, que passam a coabitar o ambiente. É quando Sally começa a ouvir vozes estranhas, que a chamam, vindas não se sabe de onde. Seria alucinação? Ou a casa escondia, de fato, algo sombrio? O marido, é claro, não acredita em nada daquilo e acha que a esposa está simplesmente tendo ataques neuróticos.
Se a ideia de pequenas e ameaçadoras criaturas espreitando no escuro, atrás de uma porta ou de um canto qualquer da casa, é algo que assusta as crianças até hoje, imagine nos anos 1970! Elas ficavam, realmente, amedrontadas pelo filme.
Naquela época, várias produções feitas para a TV davam medo no telespectador. Talvez porque as restrições do formato televisivo — tanto de recursos a serem utilizados na produção quanto de conteúdo que poderia ser veiculado abertamente — forçassem os diretores a se concentrarem mais na atmosfera e no suspense do que em efeitos especiais realistas e impressionantes. E era justamente essa atmosfera obscura que garantia os sustos, mesmo sem os complexos efeitos especiais de hoje.
Por isso não é de se estranhar que um filme modesto e despretensioso como Não Tenha Medo da Escuridão tenha se tornado cult: embora não seja um grande filme, é assustador e estranho o suficiente para se cristalizar na memória coletiva do público. Uma história de terror simples e efetiva. Mesmo assim, visto hoje, este telefilme provavelmente fique aquém da expectativa do público atual. Segundo Marcelo Milici, do site Boca do Inferno, "o longa faz parte daquelas produções que davam medo na infância e hoje só trazem bocejos."
Nos EUA, estreou em 10 de outubro de 1973, pelo canal ABC. No Brasil, foi exibido pela primeira vez na Globo, em 2 de novembro de 1975. Os críticos dos jornais brasileiros não demonstraram empolgação na ocasião em que o filme estreou na Globo: "Os comentários de fora aludem ao desperdício de uma ideia inicial curiosa. Quem quiser conferir..." (Jornal do Brasil). Ou ainda: "Boa premissa na história, arruinada por um argumento indiferente", disse um crítico americano. (Folha de S. Paulo)
Nos anos 1980, foi lançado pela Herbert Richers em VHS aqui no Brasil, com o título Criaturas da Noite.
Em 2010, foi feito um remake australiano para o cinema. O telefilme original serviu de inspiração para o diretor e roteirista Guillermo del Toro, conhecido pelo gênero do fantástico. Del Toro havia adquirido os direitos sobre o texto original no começo dos anos 1990 e levou quase duas décadas para adaptar o roteiro. Mas não assumiu a direção, que ficou a cargo de Troy Nixey. Estrelado por Katie Holmes e Guy Pearce, o longa estreou nos cinemas em 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário