Telefilmesquecidos #24
Depois de sofrer um assalto, o casal Dorothy (Carol Burnett) e Jim Benson (Charles Grodin) decide tirar sua família da cidade grande e experimentar a vida longe da agitação dos grandes centros. Mudam-se, então, de mala e cuia para um pacato e arejado subúrbio. O filme é basicamente isso, recheado, é claro, com o drama familiar típico da classe média americana, mas pelo viés do humor.
Burnett e Grodin estão muito bem como o casal de Nova York em ascensão, que se muda com os dois filhos adolescentes para o subúrbio. O que se segue são desastres domésticos, problemas de deslocamento, pequenas intrigas e fofocas de vizinhança. Grodin, como sempre, é o amável, ocupado e levemente neurótico marido — papel parecido com o que interpretou depois em A Incrível Mulher que Encolheu (The Incredible Shrinking Woman, 1981). Mas o filme é mesmo de Carol Burnett, que, sempre acima da média, eleva o material às vezes irregular e compensa o filme. Ela é uma dona de casa que busca realizar seus sonhos íntimos, como aprimorar os estudos, escrever profissionalmente, publicar um romance, enfim, reservar uma parte de seu dia para si própria, o que parece impossível, dada a quantidade de tarefas diárias que ela precisa executar como esposa e mãe.
Charles Grodin e Carol Burnett |
Aos que, porventura, não saibam: "subúrbio", neste caso, tem uma ideia bem diferente da que conhecemos no Brasil. Nos Estados Unidos, essa palavra define uma área de classe média, bem organizada e planejada, mais ou menos como se fosse um “condomínio gigante de classe média”. Não tem nada a ver com o conceito de subúrbio que temos aqui no Brasil (lugar geralmente pobre, depreciado e decadente). Trata-se dos arredores da cidade, com casas boas, confortáveis, longe do comércio e do burburinho da metrópole.
O filme é baseado nos textos da colunista e humorista Erma Bombeck, mais especificamente em seu bem-sucedido livro A Grama Sempre Cresce Mais Verde em Cima da Fossa (1976), publicado pela McGraw-Hill. No Brasil, foi publicado pela editora Record. Um retrato fiel da vida suburbana norte-americana dos anos 1970. O título original do telefilme (simplificado, no Brasil, para Problemas Suburbanos) é um trocadilho com um ditado muito comum: "Grass is greener on the other side", que, em uma tradução livre, seria algo como "a grama do vizinho é sempre mais verde". Uma referência à nossa eterna tendência a achar a vida dos outros melhor ou mais atraente que a nossa. O título original, "Grass is greener over the septic tank" ("a grama é mais verde sobre a fossa séptica") brinca com essa ideia, sugerindo que, se você pensa que a vida do outro parece maravilhosa ou ideal, então tem alguma coisa podre ali debaixo daquela fachada de aparente perfeição. A grama pode ser verde e linda, mas sob ela está a caixa de esgoto, não se esqueçam.
Carol Burnett |
Apesar de não muito conhecida aqui no Brasil, Erma Bombeck (1927-1996) alcançou grande popularidade nos EUA, por sua coluna de humor em jornais, de 1965 a 1996, descrevendo a vida doméstica suburbana dos norte-americanos. Também publicou 15 livros, a maioria best-sellers.
Estreia de Eric Stoltz, que viveria, alguns anos depois, filho de Cher em Marcas do Destino (Mask, 1982). O ator também é conhecido por filmes como Picardias Estudantis (Fast Times at Ridgemont High, 1982), Alguém Muito Especial (Some Kind of Wonderful, 1987) e Pulp Fiction: Tempo de Violência (Pulp Fiction, 1994), entre outros.
Eric Stoltz |
Linda Gray faz uma rápida participação como Leslie, vizinha do casal Benson. Para quem não está ligando o nome à pessoa, Linda era a Sue Ellen da novela Dallas (1978-1991), que havia estreado naquele mesmo ano, mas já era um grande sucesso.
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Obrigado ao amigo Lufe Steffen pela indicação do filme! :-)
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