06 novembro 2018

Plantão Baila com Village


Aqui estou eu, de novo, para comentar mais uma aparição do mais famoso figurante quase indetectável de Baila Comigo: o LP Live and Sleazy, do Village People. Sim, ele apareceu novamente no capítulo 65, exibido ontem pelo canal Viva.

Depois de ser visto na casa de Joana (Betty Faria) e na casa de Silvia (Fernanda Montenegro), como eu havia mostrado no post de dois meses atrás, desta vez o famigerado LP foi detectado na academia de Caio (Carlos Zara), durante uma das aulas de Oscar (Marcos Alvisi), enquanto Caê (Lauro Corona) espionava Débora (Beth Goulart).



(Clique nas fotos para ampliá-las)
Fica então o pretexto para falar um pouquinho mais sobre esse álbum. Live and Sleazy foi lançado em setembro de 1979, bem na época em que a popularidade do Village começou a dar os primeiros sinais de enfraquecimento. Os produtores, no entanto, acreditavam que o grupo ainda teria fôlego para prolongar seu meteórico sucesso. Mas o repúdio à disco music, que começou a surgir na segunda metade de 1979, jogou um balde de água fria em tudo.


Anúncio do novo LP, publicado na edição de dezembro de 1979 da revista Rolling Stone

Álbuns ao vivo com bandas de estúdio já são, por si, meio estranhos. Live and Sleazy foi uma aposta ousada. Foi o último LP lançado pelo grupo naquela década que o consagrara. O disco, duplo, traz um apanhado de hits, com o registro de canções "ao vivo" — embora tenham sido bastante alteradas em estúdio — e também as novas faixas de trabalho do grupo.

Nada de improvisações ou novos arranjos. Mas tudo foi bem escancarado. A começar pelo nome da faixa-título do LP, Sleazy [sórdido, baixo, ordinário, de quinta categoria]. A imagem do Village estava mais kitsch do que nunca. Àquela altura, se algum desavisado ainda não tinha sacado que eles eram uma banda gay, com o novo disco ficou bem claro. Mesmo assim, o grupo era encarado por muitos norte-americanos como uma faceta alegre e brincalhona da cultura gay.

Edição especial em vinil verde, com a faixa Sleazy ocupando todo o lado A, lançada pela RCA no Brasil

A faixa Sleazy, uma espécie de disco rock, foi divulgada como o próximo hit do grupo. Aqui no Brasil, as gravadoras confiaram, baseando-se nos vários sucessos do Village nos anos anteriores. Sleazy entrou na coletânea Disco 80, da Som Livre, e na Fantásticos 80 Vol. 11, da RCA, ambas lançadas no comecinho de 1980. A música até que chegou a tocar nas discotecas, mas fracassou nas rádios.


Outra das novas faixas do álbum foi Ready For the 80’s, cuja letra dizia: "I'm ready for the eighty's, I'm ready for the eighty's  / Ready for the time of my life" [Estou pronto para os anos 80, pronto para os anos 80 / Pronto para o melhor momento da minha vida]. No entanto, os versos acabaram provando-se cruelmente irônicos. Assim que a década de 1980 começou, um período difícil para os gays também teve início, com o surgimento dos primeiros casos de Aids e da subsequente onda de medo, insegurança e morte que marcaria toda aquela década.

Em 1980, com o declínio da moda das discotecas, o sucesso do Village foi praticamente sepultado. A pá de cal na carreira do grupo foi o filme A Música Não Pode Parar (Can't Stop The Music), um estrondoso fracasso (e uma das mais deliciosas maluquices kitsch que já vi).

O compacto Ready For The 80's
Victor Willis (que usava a fantasia de policial e, às vezes, também de oficial da marinha), um dos vocalistas principais da banda, anunciou em sua página do Facebook que havia planos para remasterizar, no final de 2018, as faixas ao vivo de Live and Sleazy e lançá-las em um só álbum, intitulado Village People Live At The Greek Theatre. Outras faixas cantadas na turnê de 1979 do grupo e que haviam ficado de fora também seriam incluídas no novo lançamento. Mas nada foi confirmado.


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