06 abril 2014

A volta dos dias dançantes


O canal Viva presenteia seu público (cada vez mais fiel e crescente) com aquela que talvez seja a mais clássica das telenovelas brasileiras: Dancin' Days. Nesta segunda, 7 de abril, a partir da meia-noite, o canal passa a apresentar a trama de Gilberto Braga, exibida originalmente pela Globo em 1978, às 20h.


Com direção de Daniel Filho, foi a estreia do autor no horário nobre. Mas ninguém podia imaginar o quanto a novela se tornaria emblemática para toda uma geração. O mais impressionante é que 36 anos depois, Dancin' Days continua viva não só na memória do elenco como principalmente na do público. Quem a assistiu tem vontade de revê-la e quem nunca viu, quer muito vê-la. 

Nem vou me prender aos detalhes da trama ou à ficha técnica da novela, já que existe uma profusão de sites e livros disponíveis sobre essa parte. (Eu mesmo já havia feito um post, quatro anos atrás, sobre o último capítulo de Dancin' Days. Naquela época nem poderia imaginar que a novela seria reexibida na íntegra!). Aliás, quem quiser a ficha completa da novela, basta acessar o site Teledramaturgia, o maior e melhor banco de informações sobre teledramaturgia brasileira. 

Julia Matos (Sônia Braga)
Yolanda (Joana Fomm) e Marisa (Glória Pires)
Em 2011, uma versão editada da novela foi lançada em DVD pela Globo Marcas. Mas o Viva vai exibi-la na íntegra, exatamente como foi exibida em 1978. Mas quem pensa que a novela é só luzes e dança está enganado. A discoteca é o pano de fundo que une os personagens, mas não há cenas dançantes todos dos dias. O público jovem de hoje pode estranhar o ritmo lento das longas cenas, os diálogos que duram um bloco inteiro e os dramas dos persongens, expostos quase em tempo real. Por outro lado, o texto é de um realismo impressionante e mergulha fundo nas idiossincrasias de cada personagem.

Cacá (Antônio Fagundes), Celina (Beatriz Segall), Franklin (Cláudio Corrêa e Castro) e Beto (Lauro Corona)
A edição de 20 de setembro da Veja trouxe uma ótima análise ("As emoções da noite") das três principais telenovelas da época. Coube a Paulo Moreira Leite a crítica de Dancin' Days, a de maior destaque:

(...) Bem articulada em sua trama, carregada de nuanças psicológicas na montagem de suas personagens, "Dancin' Days" consegue ser a mais empolgante novela em cartaz em nossas emissoras, atingindo 80% no Ibope carioca, numa das noites de maior emoção.
Tudo começa e termina em Copacabana, bairro que é uma salada democrática, onde convivem ex-habitantes do subúrbio com milionários em decadência, funcionários de escritórios com os últimos sobreviventes dos velhos e bons tempos em que a região era o paraíso na Terra da classe média brasileira. São pessoas que sentem o mundo desabando sobre velhas e douradas ilusões, brutalmente atingidas pelo fracasso em seus casamentos e/ou profissões, procurando no brilho fascinante das novas roupas, gestos da moda e ambientes finamente decorados uma última esperança de serem felizes - isto é, admiráveis.
(...)
Mas uma consciência viva e atenta caminha entre personagens e ambientes destroçados, a grã-finagem de segunda mão: é Cacá (Antônio Fagundes),o candidato certeiro aos amores de Júlia (Sônia Braga). Se o drama de Júlia - acusada de atropelar e matar um guarda noturno, por isso pagando uma pena de onze anos na prisão - é o fio que conduz os segredos de toda a novela, a consciência de Cacá é a chave para decifrá-los.

Sem dúvida, poder assistir Dancin' Days na íntegra será uma experiência no mínimo marcante. Tanto para os admiradores mais jovens da teledramaturgia brasileira quanto para os mais velhos. E que todos abram suas asas e soltem suas feras!


17 março 2014

Bette Midler e Clara Nunes?


O que o primeiro álbum de Bette Midler e o último de Clara Nunes têm em comum? Bem, musicalmente, nada. Mas a semelhança na ilustração de ambas as capas me chamou a atenção. Outro dia vi, por acaso, uma foto da capa do disco de Clara em um jornal e imediatamente me veio à cabeça a capa do meu LP favorito de Bette Midler. O tom das cores é muito parecido, sem falar que nas duas capas, os desenhos retratam o rosto das respectivas cantoras de formas também parecidas.




Acabei descobrindo mais uma coincidência (se é que posso chamar assim): The Divine Miss M, disco de estreia de Bette Midler, foi lançado no final de 1972. Nação, o último de Clara Nunes, foi lançado exatamente dez anos depois, no final de 1982.


The Divine Miss M (1972)


Co-produzido por Barry Manilow, inclui várias canções que se tornaram clássicos do repertório de Bette, como Do You Want to Dance?, Chapel of Love, Friends e Boogie Woogie Bugle Boy. O álbum rendeu à cantora o Grammy da categoria Artista Revelação, em 1974.


Nação (1982)


Foi o último álbum de estúdio de Clara, que faleceria em 1983. Além da faixa-título, o disco também teve como destaque as faixas Menino Velho, Ijexá e Serrinha.

09 março 2014

Com o diabo no corpo

Linda Blair se acostumou aos holofotes desde cedo. Começou aos 5 anos, como modelo infantil e, em seguida, atriz. Aos 12, já tinha aparecido em dezenas de comerciais e centenas de catálogos publicitários. Foi quando sua vida deu uma guinada: escolhida entre 600 outras garotas, ganhou o papel de Regan, a menina possuída pelo demônio no filme O Exorcista (The Exorcist), em 1973.


Rapidamente catapultada para a fama internacional, ganhou o Golden Globe e tudo indicava que o Oscar também seria dela naquele ano. Mas quando vazou a notícia de que algumas partes do filme não haviam sido feitas por ela (a voz demoníaca foi dublada por Mercedes McCambridge, e 8 segundos de cena foram feitos por uma boneca) as chances da jovem atriz de ingressar no time dos melhores de Hollywood decaíram.

No set de "O Exorcista", com o diretor William Friedkin

Com seu Globo de Ouro
Injustiças à parte, nos anos subsequentes ela deu continuidade à sua carreira e protagonizou uma série de bem-sucedidos filmes para a TV. O primeiro deles, Inocência Ultrajada (Born Innocent, 1974), ficou em 1° lugar entre os filmes feitos para a TV naquele ano. Drama de Uma Adolescente (Sarah T. - Portrait of a Teenage Alcoholic, 1975) também marcou época na TV americana. 



"O Exorcista II - O Herege"
Mas em 1977, o demônio voltaria a atacar. Linda estrelou, ao lado de Richard Burton, O Exorcista II - O Herege. A sequência, no entanto, foi um fracasso de bilheteria. Para piorar, na época, a atriz foi pressionada por amigos a comprar cocaína. Descoberta, foi julgada e pegou três anos de liberdade condicional, em troca de uma multa de U$ 5 mil e prestação de serviços sociais. O incidente ganhou mais destaque na mídia do que se podia imaginar e Linda, com apenas 18 anos, ficou queimada em Hollywood. A partir dali, sua carreira limitou-se a filmes B e participações especiais na TV.


Em 1979, uma mudança de ares: com Roller Boogie, o universo colorido e musical das discotecas de patinação serviu de cenário para uma ingênua — e kitsch — aventura dançante (que também não 'colou'). Detalhe: a maioria das cenas de patinação de Linda foram feitas por ela própria e não por uma dublê.

Com Jim Bray em "Roller Boogie"
Embora a carreira da atriz nunca mais tenha retornado aos dias de glória experimentados na época de O Exorcista, Linda provou que espírito esportivo era seu forte. Sempre bem-humorada, não se deu por vencida e continuou trabalhando dignamente. 

Nos anos 1980, entre os vários filmes que protagonizou, dois se tornariam cult: Correntes do Inferno (Chained Heat, 1983) e Ruas Selvagens (Savage Streets, 1984). "Não estou fazendo isso como obra de arte, nem porque esse seja meu desejo", disse ela em uma entrevista para o Los Angeles Times, na época. "Tampouco é por alguma crença pessoal ou filosofia. Estou apenas trabalhando."


Explorando a imagem "sexy" nos anos 80
Tentando deixar para trás o estigma de "garota possuída", Linda não teve medo de explorar seu lado sexy e mais picante nesses filmes do começo dos anos 80. Nem o improvável e conturbado namoro com o cantor Rick James (que fez para ela a canção Cold Blooded, hit de 1983) fez com que a atriz deixasse a peteca cair.


Apesar de tantos altos e baixos, Linda parece não guardar ressentimento dos "traumas" do passado. Em 1990 parodiou a si própria no divertidíssimo A Repossuída (Repossessed), junto com Leslie Nielsen.


Mas o que guia sua vida atualmente é a paixão pelos animais. Ela comanda a Linda Blair WorldHeart Foundation, organização não-governamental dedicada ao resgate e reabilitação de animais abandonados, doentes ou que sofreram violência. Seu trabalho em prol dos bichos já lhe valeu vários prêmios, entre eles, de organizações como a P.E.T.A. (People for the Ethical Treatment of Animals / Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais).


Nenhuma das 'polêmicas' que envolveram a carreira de Linda Blair têm muita importância hoje. Seu lado ativista é, de fato, o centro de sua vida. Na época da tragédia causada pelo furacão Katrina, por exemplo, ela resgatou e transportou pessoalmente mais de 50 cães perdidos pela cidade, após a catástrofe. Há mais de 40 anos, a atriz permanece um ícone de Hollywood e uma figura querida da TV americana. Tanto que ela é uma das sorridentes e simpáticas juradas no terceiro episódio desta temporada de RuPaul's Drag Race, para delírio de seus antigos (e novos) fãs.

Com RuPaul no episódio de "RuPaul's Drag Race"


Linda Blair: Top 5 - Feitos para a TV

  • Inocência Ultrajada (Born Innocent, 1974) 
  • Drama de Uma Adolescente (Sarah T. - Portrait of a Teenage Alcoholic, 1975)
  • Doce Refém (Sweet Hostage, 1975) 
  • Vitória em Entebbe (Victory at Entebbe, 1976)
  • Verão do Medo (Summer of Fear / Stranger in Our House, 1978)


16 fevereiro 2014

Quem tem medo de Jennifer Lawrence?


Quando alguém ouve falar de Jennifer Lawrence ou lê algo a seu respeito, logo vem à mente a imagem da jovem atriz que se tornou a queridinha de Hollywood. Aos 23  anos, ela recebeu sua terceira indicação ao Oscar, por Trapaça (American Hustle). Ano passado ela venceu na categoria Melhor Atriz por O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook). Este ano, na 86ª edição do Oscar, ela concorre na categoria Melhor Atriz Coadjuvante. 

Jennifer Lawrence, a nova 'queridinha' de Hollywood
Mesmo com o carisma e o bom humor que a moça esbanja, quando ouço o nome 'Jennifer Lawrence' não é a atriz que me vem à cabeça. Penso imediatamente na megera do telefilme A Iniciação de Sarah (The Initiation of Sarah, 1978), cuja fala deu origem ao nome deste blog. Vivida pela atriz Morgan Fairchild, Jennifer Lawrence era a garota má que liderava a irmandade Alpha Nu Sigma (ANS), a mais disputada e chique do campus e rival direta de Phi Epsilon Delta (PED), ou "porcos, elefantes e doninhas", reduto das alunas esquisitas e desleixadas.

Morgan Fairchild como Jennifer Lawrence em "A Iniciação de Sarah"
A Jennifer Lawrence "do mal": pérfida e canastríssima
Não deixa de ser curiosa a coincidência dos dois nomes iguais. Jennifer Lawrence (atriz) recebeu esse nome em homenagem à personagem Jennifer Lawrence? Seja como for, a Jennifer atriz é uma simpatia, ao contrário da Jennifer personagem, uma megera típica dos filmes de terror baratos (e por isso mesmo, irresistível).

A atriz Jennifer Lawrence no filme "Trapaça" (2013)

04 fevereiro 2014

Lafayette Clube


"Talvez o mais saboroso sanduíche de todos os tempos." 
(Lafayette, mordomo de Stella Simpson)

Lafayette (Edson Silva) oferece um "Lafayette Clube" para Maria Helena (Isabela Garcia)

Um sanduíche de dois andares com:
- 3 fatias de pão
- Presunto
- Queijo amassado com maionese (uma pasta)
- 2 rodelas de pepino
- 2 rodelas de tomate
- 1 ovo poché
- 1 folha de alface
- 1 fatia da salmão vermelho.
Tudo isso com uma pitada de pimenta do reino e orégano.



Nelson (Reginaldo Faria) aprova o "Lafayette Clube"
Maria Helena adora o "Lafayette Clube"