Telefilmesquecidos #44
O sequestro (e subsequente assassinato) do bebê de Charles Lindbergh foi um dos crimes mais chocantes do século XX. No entanto, o crime a que o título deste telefilme se refere é a incriminação do carpinteiro Bruno Hauptmann, imigrante alemão condenado pelo rapto e morte do bebê.
Ao contrário de O Caso Lindbergh (1976), produzido 20 anos antes, O Crime do Século vai pelo lado contrário e coloca o foco sobre o drama de Bruno. Stephen Rea está muito bem no papel do franco e confiante Hauptmann. Rea, ator que havia conquistado respeito da crítica e do público após ser indicado ao Oscar de Melhor Ator por Traídos pelo Desejo (The Crying Game, 1992), estava em alta na época. Seu personagem aqui, Bruno, observa estarrecido como os fatos sobre seu caso são varridos para debaixo do tapete em favor da opinião pública, sedenta por uma condenação.
Stephen Rea no papel de Bruno |
Isabella Rosellini e Stephen Rea |
De acordo com a abordagem deste telefilme, as evidências contra Bruno foram fabricadas ou deturpadas. Se no outro filme temos certeza de que Bruno é mesmo o culpado, neste não há dúvida de que o imigrante alemão foi vítima de uma armação diabólica que resultou em sua condenação à morte.
Como suspeito de assassinato, o tratamento recebido por Bruno Hauptmann foi um notório e escancarado erro judicial. O que este filme mostra é que sua vida foi possivelmente sacrificada por causa de interesses políticos, mentiras e uma necessidade desesperada de encontrar um bode expiatório para o "crime do século”.
Michael Moriarty |
Atores bem escolhidos fazem um excelente trabalho, mostrando a angústia de Bruno e sua esposa Anna (Isabella Rosellini, maravilhosa no papel). É ela quem vê, desde cedo, o rumo equivocado que as coisas estavam tomando e como nenhum dos acontecimentos era favorável a seu marido. Como esposa, sua dor e indignação são tocantes, assim como sua impotência diante do cerco armado ao redor de Bruno. Michael Moriarty também esta ótimo no papel do governador Harold Hoffman.
Tanto factual quanto emocionalmente, a narrativa não decepciona. A HBO se esmerou e gastou o tempo necessário para realizar um telefilme muito bom. O roteiro de William Nicholson também ajudou. Baseado no livro The Airman and the Carpenter, do jornalista escocês Ludovic Kennedy, publicado em 1985.
A direção foi de Mark Rydell, ator e diretor experiente que atuou em filmes como Um Perigoso Adeus (The Long Goodbye, 1973) e Dirigindo no Escuro (Hollywood Ending, 2002). Entre seus trabalhos de direção, destacam-se A Rosa (The Rose, 1979), Num Lago Dourado (On Golden Pond, 1981) e Intersection: Uma Escolha, uma Renúncia (Intersection, 1994).
A primeira exibição nos EUA foi em 14 de setembro de 1996, na HBO. No Brasil, a estreia foi em 29 de outubro de 2001, no SBT.
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