01 março 2016

Um clássico dos telefilmes


Dia desses meu querido Pedro Tapajós perguntou se eu me lembrava de um filme que passava na Sessão da Tarde, sobre uma professora de crianças autistas que lida com uma garota rebelde e agressiva. Respondi que sim, era a continuação de outro filme, A Circle of Children.


Um dos telefilmes mais marcantes e elogiados (embora hoje, praticamente esquecido) exibidos na tevê durante a década de 1970 foi O Amor é Mais Forte (A Circle of Children, 1977). O título tipicamente piegas não podia deixar de seguir a tradição dos nomes em português. Dirigido por Don Taylor, com roteiro assinado por Steven Gethers e Mary MacCracken (também autora do livro homônimo), o filme mostrava o difícil começo e a subsequente adaptação de uma professora a uma turma de crianças com necessidades especiais. 

Mary (Jane Alexandre, à esquerda) chega à escola


Jane Alexander é Mary MacCracken, a professora em questão. Lidando com uma separação recente, ela não se contenta em virar apenas mais uma divorciada de classe média alta. Quer dar um novo rumo à sua vida, fazer algo que a desafie e a gratifique. Decide voluntariar-se para o trabalho com crianças autistas. 

Mary assume a árdua missão de estagiar para substituir a experiente Helga (ótima interpretação de Rachel Roberts), professora mais velha, que está prestes a mudar de escola. Mas Helga não se convence facilmente da capacidade de Mary. Mesmo com a inicial descrença e certo ressentimento de Helga, Mary consegue, ao longo do filme, provar sua competência, paciência e determinação no trato com as crianças.

Helga (Rachel Roberts)

Seus esforços são recompensados quando ela se aproxima de Brian (Matthew Laborteaux), um garoto autista de 8 anos, e consegue, aos poucos, se comunicar com ele e ensiná-lo a se comunicar com os outros. Laborteaux era uma criança bem conhecida na tevê americana, nos anos 1970. Aqui no Brasil, é mais lembrado por seu papel em A Maldição de Samantha (Deadly Friend, 1986), que protagonizou depois de crescido.

Brian (Matthew Laborteaux) e Mary (Jane Alexander)
Brian (Matthew Laborteaux)

O livro autobiográfico A Circle of Children, publicado nos EUA em 1974, é sobre a experiência da "verdadeira" Mary ao lidar com crianças tão perturbadas emocionalmente a ponto de não conseguirem inserir-se na sociedade. É a história de uma mulher cujo envolvimento com essas crianças mudou não apenas a vida das crianças em questão, mas também sua própria vida.


Sinopse da Folha de S. Paulo do final da década de 1970

Curiosidades: a garotinha de Halloween (1978), Kyle Richards, interpreta uma das alunas da professora Mary. Kyle era figurinha fácil na TV americana dos anos 70 e 80. 

Kyle Richards em A Circle of Children e Halloween

Outra atriz mirim que interpreta uma das alunas de Mary é a garotinha Michelle Stacy, da impagável cena de Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu (Airplane!, 1980), em que o garoto pergunta se ela aceita um café. Ela aceita e então ele pergunta se ela vai querer com creme. Ao que ela responde: "Não, obrigada. Eu tomo puro. Feito meus homens." (Em inglês: No, thank you. I take it black, like my men.)

Jane Alexander e Michelle Stacy em A Circle of Children

Michelle Stacy em A Circle of Children e Apertem os Cintos

O Amor é Mais Forte foi indicado ao Emmy de 1977 e teve uma continuação igualmente elogiada: Lovey: A Circle of Children, Part II (1978), dirigido por Jud Taylor. Na tevê brasileira, foi exibido com o nome de Crianças Bem Amadas. Na sequência, Mary, mais segura e experiente, assume uma nova turma. Dessa vez o foco foi Hanna (Kristine McKeon), uma agressiva garota autista, de aspecto selvagem, dada a ataques violentos de raiva. Novamente, Mary precisou usar toda sua sensibilidade para chegar até Hanna, compreendê-la e socializá-la.


Hanna (Kristine McKeon)

Mary (Jane Alexander) e Hanna (Kristine McKeon)

Sinopse da Folha de S. Paulo, começo da década de 1980

Filmes como esses — simples, porém marcantes — geralmente acabam esquecidos nas camadas mais distantes e desbotadas da nossa memória afetiva. De vez em quando é bom desenterrá-los.

4 comentários:

  1. Que legal lembrar desse que é um dos meus preferidos na infância junto com outro com a Lee Remick e outro chamado As crianças que ninguém queria.Nessa hora é bom ser quase cinquentão

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  2. Muito obrigada é pouco para expressar meu agradecimento por publicar algo sobre este filme que me marcou tanto qdo eu era criança.

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    1. Que legal! Fico feliz que tenha curtido. Apareça sempre :-)

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  3. Ah, finalmente encontrei o filme do qual eu sempre queria me lembrar o nome e não conseguia - era o do menino Brian. Também lembro desse "As crianças que ninguém queria". Saudade da boa e velha Sessão da tarde.

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