Mania de Querer (1986-87)
De Sylvan Paezzo
Vanessa (Nívea Maria) é uma brasileira que estuda Administração de Empresas nos EUA. Para sobreviver, trabalha como acompanhante (garota de programa, para ser mais direto). Lá conhece Ivan (Marcelo Picchi), engenheiro especialista em computação. Mas Vanessa esconde de Ivan seu ofício. Os dois começam a namorar e voltam para o Brasil, como marido e mulher. A notícia desagrada Margô Nogueira (Lélia Abramo), a avó dominadora de Ivan, que não vê a desconhecida com bons olhos. Ivan começa a trabalhar para Angelo Sá (Carlos Augusto Strazzer), empresário dono de uma grande financeira, cuja mania é colecionar fotos de garotas de programa que conheceu no exterior. Em uma dessas fotos, reconhece a esposa de seu funcionário e passa a chantageá-la. Vanessa tem medo de contar a verdade para Ivan e aceita as chantagens de Angelo. O triângulo amoroso está formado. Para piorar, Ivan apresenta distúrbios psiquiátricos. Nívea Maria e Carlos Augusto Strazzer não foram até o final da novela (ambos pediram rescisão de contrato em solidariedade ao diretor Herval Rossano, que havia sido demitido). O foco da trama passou, então, para os dramas de Lúcia (Aracy Balabanian). Apesar de contar com nomes de peso no elenco, é uma novela pouco (ou nada) lembrada.
Olho por Olho (1988-89)
De José Louzeiro, com base no argumento de Wilson Aguiar Filho
Após o assassinato do patriarca Horácio Falcão (Henrique Martins), sua esposa Ana (Georgia Gomide) e os quatro filhos — Justo (Flávio Galvão), Máximo (Mário Gomes), Caio (Caíque Ferreira) e Júlio (Nehemias Demutcha) — juram vingança. Depois de acabar com dois dos matadores do pai, a família se muda para o Rio de Janeiro para localizar o terceiro homem que participou do assassinato. Justo envolve-se com o capitão Flores (Jonas Bloch), ligado à repressão da época do regime militar, e Antônio Barjal (Herson Capri), um empresário mafioso. Máximo, por sua vez, se alia a Rico (Alexandre Frota) e passa a frequentar o submundo da prostituição masculina. Nesse cenário está Paula (Beth Goulart), prostituta por quem Máximo se apaixona. Caio envolve-se com Débora (Zaira Zambelli), uma mulher mais velha e cleptomaníaca. O elenco contou ainda com a presença de um travesti, Cláudia Celeste — interpretando o travesti Dinorá — coisa rara nas nossas novelas. Depois da boa repercussão de Corpo Santo (1987), a Manchete investiu novamente no clima policial e na marginalidade carioca, mais uma vez com roteiro de José Louzeiro. "Só que não deu certo", como explicou Ismael Fernandes no livro Memória da Telenovela Brasileira (Brasiliense, 1997). "Nem sempre as boas ideias resultam em boas telenovelas".
Amazônia (1991-92)
De Denise Bandeira e Jorge Duran
Em 1991, a Manchete queria dar continuidade ao grande sucesso que Pantanal fizera no ano anterior. Amazônia prometia ser uma sucessora à altura, mas provou ser um dos projetos mais frustrantes da história da telenovela brasileira. A trama aconteceu em dois tempos simultaneamente: uma parte se passava em 1899 e a outra no futuro, em 2010. A proposta era unir dois séculos, o final do XIX e o começo de XXI, através da história da Amazônia. No futuro, Milla (Cristiana Oliveira) é uma jovem jornalista que troca o Rio de Janeiro por Manaus, em busca de aventura. Envolve-se com Lúcio (Marcos Palmeira), chefe de uma gangue de trambiqueiros do Porto de Manaus. O rapaz tem visões, em que surgem as tramas de 1899, com a exploração dos seringais amazônicos dominando a cena. A ideia não vingou. Diante do retumbante fracasso, a emissora tentou mudar a estratégia e lançar uma segunda fase (Amazônia — Parte 2) para recuperar a audiência e compensar o prejuízo. Mas não houve jeito e a novela foi um dos maiores fracassos da dramaturgia da Manchete, piorando ainda mais a crise pela qual a emissora passava.
74.5 — Uma Onda No Ar (1994)
De Chico de Assis
Produção independente da TV-Plus, apresentada pela TV Manchete, com argumento de Domingos de Oliveira. Em Pedra da Lua, cidade à beira-mar, estilo cartão postal, o jornalista Álvaro (Cecil Thiré) mantém a rádio 74.5 no ar, conhecida por espalhar esperança e alto astral. Após o término do casamento com Caíque (Raul Gazolla), Luiza (Letícia Sabatella), neta do radialista, volta para Pedra da Lua para recomeçar uma nova vida. Apaixona-se por Miguel ( Angelo Antônio), um ex-namorado que mora num barco e leva turistas para passear. Nem essa "reedição" do casal Taís e Beija-Flor empolgou o público. A novela passou praticamente batida. O tema de abertura foi I Don't Wanna Fight, de Tina Turner. Parece que nos anos 1990 era moda usar temas internacionais em aberturas de novelas, vide Despedida de Solteiro (Globo, 1992) e O Amor Está no Ar (Globo, 1997).
Brida (1998)
De Jayme Camargo
Baseada no best-seller homônimo de Paulo Coelho
Apesar de obscura, Brida é uma novela até hoje muito lembrada por ter sido a última da Manchete, e também pelo final abrupto. Estreou em agosto de 1998 às 19 horas, mas, um mês depois, teve o horário mudado para as 22h20. A novela começou a ser escrita por Jayme Camargo. A partir do capítulo 15, a romancista Sônia Mota (filha de Nelson Rodrigues) e Angélica Lopes continuaram. Na Irlanda do século XVII, a jovem Brida (Carolina Kasting) é perseguida por um bruxo. Mesmo depois de 300 anos, na encarnação atual, o bruxo continua a persegui-la, já que Brida é a única pessoa com poderes para destruí-lo. Brida é filha de uma família rica e está noiva de Lorens (Leonardo Vieira). Seu pai é um dos sócios da Aurea, importante empresa da qual seu mago arquirrival, Vargas (Rubens de Falco) é um dos principais empregados. Vargas vai fazer tudo para dominar Brida. Sem saber que o braço direito de seu pai é na realidade o bruxo que a atormentara em encarnações passadas, a jovem passa por vários perigos nas mãos de Vargas. Nem o experiente diretor Walter Avancini conseguiu salvar a conturbada novela, que culminou com o fim da Manchete.
Por conta da crise financeira da emissora, os atores e a produção da novela estão sem receber seus salários há um mês e meio. Eles se recusaram a gravar os três capítulos finais. O capítulo 54, de sexta, ficou sendo o último da novela. Cada núcleo da trama terá seu desfecho narrado por um locutor, que contará o final da novela com imagens congeladas dos atores. (Folha de S. Paulo, 17 de outubro de 1998)
Dessas só não "dei uma olhada" em "Brida". "Amazônia" avompanhava graças ao bom e velho videocassete. "74.5" via também gravada e também pela "geração" que passava de madrugada pela parabólica, gostava da trilha sonora. Ah, teve cena de nudez masculina total 'escurecida' que não escondia nada.
ResponderExcluir"Olho por Olho" não quis ver porque estava revoltado com o final de "Carmem".
No mais, muito bem viajar nas asas da memória através de cada palavra e imagem desse post.
Lembro de algumas chamadas dessas novelas, Daniel. E lembro também de ter assistido a um ou outro capítulo de Amazonia.
ResponderExcluirMas Olho por Olho e Mania de Querer eu nunca tinha ouvido falar.
Qual a revolta com o final de Carmem?
ResponderExcluirOlho por Olho foi massa! Beth Goulart interpretando uma prostituta estava divina.
ResponderExcluirDEVERIAM FAZER UM REMAKE DESSAS NOVELAS ANTIGAS....
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