No ano passado, fiz um post sobre 8 novelas obscuras dos anos 80. Agora selecionei 8 novelas "obscuras" da década de 1990. Apesar de ter sido uma década com muitas novelas boas, algumas foram quase esquecidas, devido à baixa repercussão e ao desinteresse do público. São elas:
1. Gente Fina (1990)
De Luís Carlos Fusco
Após ser despejado do apartamento em Copacabana, um casal de meia idade (Nívea Maria e Hugo Carvana) vai morar com os filhos e o vovô Olavo (José Lewgoy) num casarão emprestado, no subúrbio do Rio. O velho mote da família que se vê obrigada a mudar seus hábitos depois que o padrão de vida cai. Mas a história, de pouco apelo, passou despercebida. O que me marcou nessa novela pouco lembrada foi a trilha sonora internacional, que tocava direto nas rádios. Advice for the Young at Heart, do Tears For Fears; Oh L'Amour, do Erasure; Another Day in Paradise, de Phil Collins; Jane's Got a Gun, do Aerosmith, How Am I Supposed to Live Without You, de Michael Bolton, entre outras. A trilha nacional também teve dois sucessos de peso na época: Quatro Semanas de Amor, da dupla Luan e Vanessa, até hoje lembrada (versão de Sealed With a Kiss, que entrou no LP internacional da novela, cantada por Jason Donovan) e Dançando Lambada, do Kaoma.
Lizandra Souto teve seu primeiro papel de destaque na Globo com essa novela. A abertura de Cobras & Lagartos (2006) lembrou muito a abertura de Gente Fina. Ambas utilizaram a mesma ideia, do contraste entre símbolos de classe média alta com outros de classe mais humilde (mesa com comidas finas versus mesa com pratos simples, geladeira cheia e geladeira vazia, sala requintada e sala modesta etc.).
2. Mico Preto (1990)
De Marcílio Moraes, Leonor Bassères e Euclydes Marinho
A coroa milionária Áurea (Márcia Real) se casa com o jovem Astor (Marcos Frota). Mas logo ela desaparece, deixando como seu procurador geral o funcionário público Firmino do Espírito Santo (Luiz Gustavo), um homem honesto e sem ambições, porém desconhecido de todos. De uma hora para outra, ele assume a direção das empresas de Áurea e tem que lidar com os três filhos ambiciosos dela. Ao mesmo tempo, Sarita (Gloria Pires), a noiva trapaceira de Firmino, é contratada para se casar com o deputado José Maria (Marcelo Picchi), gay enrustido que mantinha um caso com Zé Luís (Miguel Falabella). O casal gay foi, aliás, o que mais se destacou nessa novela que o público esqueceu rapidamente.
A trilha internacional, no entanto, marcou época: Sending All My Love, do Linear; Move This, do Technotronic; U Can't Touch This, do MC Hammer; The Power, do Snap!; Still Got the Blues, de Gary Moore, entre outras. Uma faixa da trilha nacional, Cruzando Raios, de Orlando Morais, que passou batida na época, foi usada como tema de abertura do remake de Anjo Mau, sete anos depois.
3. Salomé (1991)
De Sérgio Marques
Baseada no romance homônimo de Menotti Del Picchia, essa adaptação foi mais uma novela das 6 que não conquistou nem repercussão nem bons índices de audiência. Na década de 1930, Salomé (Patrícia Pillar) é uma jovem à frente de seu tempo. Ousada e rebelde, ela escandaliza a sociedade com uma dança em que fica seminua num palco em Paris. Voltando para São Paulo, vai morar na fazenda Pindorama, onde conhece Duda (o então estreante Petrônio Gontijo), por quem se apaixona. Lá, entra em choque com o padrasto, que alimenta um forte desejo pela enteada.
Os conflitos pioram quando Santa (Imara Reis), mãe de Salomé, se apaixona por Duda. Salomé foi a segunda e última tentativa da Rede Globo em apresentar uma telenovela totalmente gravada antes de sua estreia (a outra foi Pacto de Sangue, em 1989). A reconstituição de época e os figurinos eram lindos. A abertura era baseada no quadro O Beijo, do pintor austríaco Gustav Klimt.
4. O Mapa da Mina (1993)
De Cassiano Gabus Mendes
Último trabalho de Cassiano Gabus Mendes, que viria a falecer poucas semanas antes da novela ser finalizada (mas já havia deixado todos os capítulos escritos). Infelizmente o autor - um dos nossos melhores - não conseguiu emplacar com essa, apesar do roteiro inicial que parecia bem empolgante. Elisa (Carla Marins) é uma noviça que tem uma tatuagem no bumbum que indica o “mapa da mina”, isto é, onde estão escondidos os diamantes que foram roubados anos atrás por uma quadrilha.
As joias pertencem a Rodrigo (Cassio Gabus Mendes), já que foram escondidas por seu pai, morto depois de cumprir pena pelo roubo. Lá pelas tantas, depois de algumas reviravoltas, já tem um monte de gente atrás dos diamantes. Foi a primeira novela de Carolina Ferraz na Globo.
5. Quem é Você (1996)
De Ivani Ribeiro e Solange Castro Neves
Ivani Ribeiro escreveu o argumento dessa novela pouco antes de falecer, em 1995, e passou para Solange Castro Neves, que escreveu apenas os 24 primeiros capítulos, sendo substituída por Lauro César Muniz. A mau-caráter Beatriz (Cássia Kiss) odeia a irmã caçula, a meiga Maria Luiza (Elizabeth Savalla), que ficou fragilizada diante do abandono do pai e sofre crises psicológicas recorrentes.
Beatriz aproveita para convencer Afonso (Alexandre Borges), marido de Maria Luiza, a interná-la em um hospício e assim conquistá-lo. Confesso que vi muito pouco dessa novela. Lembro que não teve boa repercussão e nem muitos atrativos.
6. Anjo de Mim (1996-97)
De Walther Negrão
Foi a novela que sucedeu Quem é Você e também mais uma que passou despercebida. O escultor Floriano Ferraz (Tony Ramos) é atormentado por visões de uma mulher que morre a seus pés. Resolve procurar um psiquiatra e, com técnicas de regressão, descobre que no século 18 ele fora um tenente apaixonado por uma jovem, que morrera tragicamente. Antes de morrer, ela havia marcado um encontro com o amado nos dias atuais, em uma determinada mansão.
Floriano inicia uma busca, mas encontra três possíveis candidatas. O espiritismo, sob a ótica da regressão a vidas passadas, permeia a trama. Mas a história do homem que procura a reencarnação de um antigo amor não cativou os telespectadores. Foi a primeira novela de Carolina Kasting.
7. O Amor Está no Ar (1997)
De Alcides Nogueira
Sucedeu Anjo de Mim e foi a terceira novela das 6 consecutiva a não emplacar, o que caracterizou, na época, um período de crise no horário. Na fictícia cidade de Ouro Velho, Sofia (Betty Lago), de família judia, luta para se manter no poder de sua empresa de turismo aquático. A sogra, Úrsula (Nicette Bruno), não aceita a situação e inicia uma disputa pelo controle dos negócios da família. As coisas se complicam quando a irmã de Sofia, Júlia (Natália do Vale), se une a Alberto (Luis Mello), seu cunhado, para afastar Sofia da empresa.
A novela discutiu a questão da existência ou não de vida em outro mundo e mostrou uma cultura não muito difundida em novelas - a dos judeus - mas não cativou o público. Nem mesmo ETs foram suficientes para manter o interesse. Foi a estreia de Eriberto Leão na Globo, como o extraterrestre João. O tema de abertura foi Love Is In The Air (Ballroom Mix), de John Paul Young, sucesso dos anos 70.
8. Zazá (1997-98)
De Lauro César Muniz
A excêntrica milionária Zazá Dumont (Fernanda Montenegro), apaixonada por aviões, diz que tem certeza de ser filha de Santos Dumont. Ela tem um projeto secreto: um inovador avião atômico. Casada com Ângelo (Jorge Dória), que sempre viveu à sombra de seu dinheiro, o sonho de Zazá é dar um rumo à vida de seus sete filhos. A novela teve como subtemas a luta dos portadores de HIV, a exploração do trabalho infantil, amor na terceira idade e futebol feminino. Mas, no geral, não despertou interesse no grande público.
Daniel, com certeza a década de 1990 tem bem mais novelas obscuras do que essas que você listou. Mais até do que a década anterior, a de 1980. Segue uma sugestão para uma segunda lista de "8 novelas obscuras dos anos 90":
ResponderExcluir1 - O Dono do Mundo (Globo - 1991/92);
2 - Tropicaliente (Globo - 1994);
3 - Pátria Minha (Globo - 1994/95);
4 - Irmãos Coragem 2a. versão (Globo - 1995);
5 - Vira-Lata (Globo - 1996);
6 - Meu Bem Querer (Globo - 1998/99);
7 - Suave Veneno (Globo - 1999)
8 - Vila Madalena (Globo - 1999/2000)
Menção Honrosa: Antônio Alves, Taxista (SBT - 1996)
" O dono do mundo " não entra na lista. Apesar de alguns tropeços a novela levou à discussão temas importantes.
ResponderExcluirConcordo, Valmir. "O Dono do Mundo" é muito lembrada até hoje e já foi até reprisada pelo canal Viva. Não é uma novela 'obscura'. Sobre as outras novelas da lista sugerida acima, "Tropicaliente" também não é obscura, fez sucesso e foi reprisada. "Pátria Minha" também é lembrada ainda, assim como "Suave Veneno". Não chegaram a ser grandes sucessos, mas não as considero 'obscuras'.
ExcluirMico Preto é a maior audiência dos horário das 7 da década de 90
ResponderExcluirJunto com A Viagem
ExcluirMas tinha uma trama sem pé nem cabeça que não agradou ninguém, os próprios autores detestavam, trabalhavam com um argumento que lhes foi imposto pela direção. Os atores também não se importavam e deliberadamente estavam sendo ridículos em cena.
ExcluirO Mapa da Mina foi uma novela péssima com uma trama horrível e mal desenvolvida. Só se salvava a beleza de Malu Mader como a malandra sempre de mini-saia ou shortinho, e da gigantona de biquininho da abertura.
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