29 novembro 2014

Como anunciado no rádio e na TV


No final dos anos 60, o empresário canadense Philip Kives fundou a K-Tel, companhia de discos famosa por suas coletâneas "As-Seen-On-TV" (aqui no Brasil, "Como anunciado no Rádio e na TV"). Sempre cheio de ideias, Kives (daí o 'K' de K-Tel) já tinha trabalhado como vendedor de porta em porta e também em loja de departamentos.


No começo da década de 1960, usou sabiamente a propaganda de televisão para vender frigideiras de Teflon (na época, ainda novidade). Dessa forma, conseguia atingir um grande público de uma só vez.

Em 1966, Kives lançou a primeira coletânea, um apanhado de 25 canções country, batizada de 25 Great Country Artists Singing Their Original Hits. Apesar de criativo, Kives nunca planejou essa incursão ao mercado fonográfico. Na época, foi apenas mais uma de suas muitas ideias. "Pensei: 'por que não montar um disco'? Achei que seria algo inovador", disse ele, em 2005. "As pessoas me disseram 'isso não vai funcionar'. Hoje em dia todos os grandes selos lançam coletâneas, mas o meu foi o primeiro."


A K-Tel foi formalmente fundada em 1968. Com enorme sucesso e popularidade na década de 1970, a companhia se expandiu rapidamente, espalhando subsidiárias pelo mundo. A grande sacada era montar coletâneas de artistas variados da época, que estavam nas paradas de sucesso do momento. Os LPs da K-Tel tinha, geralmente, 20 faixas - o que era uma grande novidade, já que os LPs tradicionais comportavam, no máximo 14 faixas.



O segredo era editar cada faixa. Ou seja: reduzir as canções, de forma que tivessem a duração diminuída. Dessa forma, cabia um número maior de faixas no disco. O slogan das coletâneas da K-Tel era: "20 Original Hits! 20 Original Stars!". Alguns discos vinham até com 24 faixas. Um verdadeiro luxo naqueles distantes anos 70!




Outra particularidade das coletâneas da K-Tel era o título: os discos eram sempre temáticos e a arte gráfica era feita de acordo com o tema de cada álbum.

Sempre montadas seguindo as músicas que estavam no topo da hit parade, essas coletâneas formavam uma salada musical do que fazia sucesso na época. Canções dançantes, baladas românticas e rock dividiam o mesmo LP, para alegria geral dos consumidores de música pop.




Alguns discos, no entanto, eram dedicados a gêneros específicos, como por exemplo rock, discothèque, flashback ou música italiana. A mais famosa dessa série temática foi Hooked on Classics, até hoje muito conhecida. Lançado em 1981, o álbum era um grande pot-pourri que reunia trechos de obras conhecidas da música clássica, como diz o próprio nome. As faixas ganharam uma batida mais acentuada, com arranjos modernos, que pendiam para o rock ou para a disco music.




A ideia foi de Louis Clark, arranjador musical da Electric Light Orchestra e também maestro da Royal Philharmonic Orchestra. Hooked on Classics fez tanto sucesso que deu origem a outros volumes. Os seguintes, no entanto, não chegaram a fazer o mesmo sucesso do primeiro. Mas a coleção teve um efeito positivo: aproximou e reavivou o interesse da nova geração por música clássica. Vendeu mais de 10 milhões de cópias.

No começo dos anos 80, a K-Tel já havia vendido meio bilhão de discos ao redor do mundo. Mas por volta de 1984, empreendimentos de alto risco já haviam minado a estabilidade econômica da K-Tel e a empresa perdeu espaço no mercado. Mas até hoje seus discos figuram nos melhores sebos mundo afora e suas coletâneas continuam fazendo a alegria dos colecionadores e saudosistas.







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