Telefilmesquecidos #86
Larry (Kurt Russell) é um andarilho, um modelo fotográfico meio sem rumo que, durante uma sessão de fotos, se depara com a fazenda de Elroy “Bud” Burkhardt (Dennis Weaver).
Bud é um colhedor de trigo lidando com problemas econômicos e também morrendo de câncer sem que sua família saiba. Ele vive com os dois filhos, a jovem Marlene (Mare Winningham), que sonha em deixar o Kansas para conhecer o mundo lá fora, e o menino Dougie (Rossie Harris). O filho mais velho, Gregg (Grainger Hines), foi embora para o Canadá há muitos anos. De alguma forma, este agricultor endurecido pela vida se tornará uma espécie de figura paterna para Larry, que nunca trabalhou duro na vida.
Com um elenco incrível encabeçado por Dennis Weaver e Kurt Russell, a história do fazendeiro que tem pouco tempo de vida e contrata um jovem sem rumo para ajudá-lo é comovente. Trigais Dourados é um telefilme realmente bem-feito, sem exageros sentimentalistas e com ótimas atuações.
À princípio pode parecer um daqueles filmes em que nada acontece, mas as performances fortes cativam e conferem peso emocional à história.
Dennis Weaver tem muitos bons momentos na TV e este é um deles. Na ativa desde a década de 1950 no cinema, Weaver ganhou enorme popularidade em telefilmes como Encurralado (Duel, 1971), Terror na Praia (Terror on the Beach, 1973) e Não Adormeça (Don't Go to Sleep, 1982).
Kurt Russell, que na década de 1960 havia sido estrela-mirim de filmes da Disney, ainda buscava um rumo para a fase adulta de sua carreira. Em 1979 foi elogiado pelo telefilme Elvis não Morreu (Elvis, 1979). Pouco depois filmaria Trigais Dourados. Com Fuga de Nova York (Escape from New York, 1981) e O Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982) estabeleceu-se como ator adulto e tornou-se um dos mais queridos e populares de sua geração.
Mare Winningham, no papel de filha de Dennis Weaver, também se saiu muito bem. Tanto que ganhou um Emmy por sua atuação no filme. A atriz participou de inúmeros seriados e filmes para o cinema e a TV. Aqui no Brasil, é mais conhecida por O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (St. Elmo's Fire, 1985), Uma Dupla Quase Perfeita (Turner & Hooch, 1989) e Philomena (2013).
O garoto que interpreta o filho mais novo de Dennis Weaver no filme é Rossie Harris, o mesmo do hilariante Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu (Airplane!, 1980). Em 1979, aos 10 anos, Rossie conseguiu o papel de Joey na clássica comédia e teve cenas impagáveis, entre elas uma com Kareem Abdul-Jabbar e Peter Graves. Rossie participou de vários seriados de TV e também esteve no drama Herança Nuclear (Testament, 1983), no papel do filho da personagem de Jane Alexander. A atriz foi indicada ao Oscar por essa atuação.
Dirigido por Joseph Sargent, de Tubarão 4: A Vingança (Jaws: The Revenge, 1987), e escrito por Ken Trevey, Trigais Dourados foi desenvolvido por Leonard Hill, que na época era vice-presidente dos filmes da ABC, enquanto Philip Mandelker era produtor da Time-Life Television. Após o sucesso instantâneo de audiência, Hill e Mandelker deixaram seus cargos para montar sua própria produtora.
Das três canções que aparecem no filme, duas foram compostas pelo próprio Dennis Weaver, e uma por seu filho Robby Weaver.
A estreia na TV americana foi em 9 de março de 1980, na ABC. No Brasil, a primeira exibição foi em 3 de fevereiro de 1982, na sessão Première 82, da Globo.
No dia em que o filme estreou na Globo, a Folha de S. Paulo trouxe uma sinopse curta, porém atraente:
Garotão típico de Nova York vai para o rude Meio Oeste do país, numa região de plantação de trigo, e acaba conhecendo os segredos da amizade e da solidariedade com um veterano fazendeiro que está morrendo de câncer.
A seção Os Filmes da Semana, publicada na Revista da TV da edição de 31 de janeiro de 1982 do jornal O Globo destacou a estreia do filme em nossa TV:
Sensível drama familiar realizado em 1979 para a TV pelo experimentado diretor Joseph Sargent ("Os Assassinatos Marcus-Nelson", "Reportagem Perigosa"). Trigais Dourados narra o encontro de duas personalidades díspares que, no entanto, acabam se completando: um fazendeiro de meia-idade, interpretado por Dennis Weaver, e um rapaz "bon vivant", que desconhece a luta pela vida — papel de Kurt Russell (mais conhecido por sua performance como Presley em "Elvis Não Morreu", de 1979. (Paulo Perdigão, jornal O Globo, 31 de janeiro de 1982)
A trajetória contrastante e afinal convergente dos dois personagens masculinos, no período de colheitas de verão, abriga diversos temas em camadas superpostas: o "generation gap", os valores patrióticos americanos pós-Vietnã, a moralidade do trabalho, o respeito às tradições da família. O clima pastoral do script original de Ken Trevey é valorizado pela foto de Donald M. Morgan, de delicada beleza cromática, e sobretudo pela partitura musical de John Rubinstein, nitidamente influenciada pelo estilo de Aaron Copland. (Paulo Perdigão, jornal O Globo, 31 de janeiro de 1982)
Esse tem uma premissa bem interessante mesmo e pelo jeito tem todo o potencial de arrancar umas lágrimas dos mais sensíveis!
ResponderExcluirNão sei se chega a arrancar lágrimas, mas que tem alguns momentos tocantes, isso ele tem. (Mas não é dramalhão).
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