Telefilmesquecidos #89
Um casal de idosos, Fanny (Lauren Bacall) e Gardner Church (Gregory Peck), está às voltas com a mudança para uma casa de praia. Gardner é poeta e a esposa Fanny é sua fiel companheira desde os tempos em que foi sua assistente na faculdade.
Após uma longa ausência, a filha Margaret (Cecilia Peck) chega de surpresa à casa dos pais para terminar um retrato deles. Ela é pintora e tem a chance de expor seu trabalho pela primeira vez em uma galeria de Manhattan. Mas, para isso, precisa terminar o tal retrato dos pais, que ela havia esboçado tempos atrás.
Ao descobrir que os pais venderam a casa da família e estão prestes a se mudar, Margaret fica magoada e inconformada por não ter sido avisada antes.
Enquanto se vê cercada de caixas, objetos e móveis sendo embalados para a mudança, Margaret lida com a perda da casa de sua infância e com suas próprias lembranças. Além disso, confronta-se com outros problemas, como os lapsos de memória frequentes e preocupantes do pai.
Fanny e Gardner são totalmente dedicados um ao outro. Espirituosos e animados, vivem num mundo próprio, absortos em seu amor e vida juntos. Isso faz com que Margaret se sinta excluída.
Não é fácil fazer o casal ficar parado enquanto posa para a pintura de seu retrato. Brincalhões e cúmplices, os dois não sossegam. Com isso, Margaret acha que eles não levam sua pintura a sério.
Ao longo de vários dias, Margaret vê seu papel no relacionamento com seus pais idosos ir se modificando. Ela acaba percebendo, após uma conversa com o pai, que eles a amam sim e admiram sua carreira de pintora.
Mas deixam claro que, na idade em que estão, não vão virar outras pessoas para se ajustarem às expectativas da filha. Retornando a Nova York para sua exposição de arte com o retrato concluído, Margaret percebe que será uma pessoa muito mais feliz se aceitar seus pais como eles são.
Adaptado da peça Painting Churches, de Tina Howe, produzida em 1983.
O que o elenco tem de pequeno, tem de grandioso: é um deleite ver astros do calibre de Lauren Bacall e Gregory Peck contracenando. Estrelas da “era de ouro” de Hollywood, os dois já haviam trabalhado juntos em Teu Nome é Mulher (Designing Woman, 1957), de Vincente Minnelli, e têm um entrosamento perfeito.
![]() |
Gregory Peck e Lauren Bacall em Teu Nome é Mulher (1957) |
Cecilia Peck, que interpreta a filha do casal, é filha de Gregory Peck na vida real. O Retrato foi o último telefilme do ator.
![]() |
Cecilia Peck |
A direção impecável é de Arthur Penn, responsável por grandes filmes como O Milagre de Anne Sullivan (The Miracle Worker, 1962), Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas (Bonnie and Clyde, 1967) e Um Lance no Escuro (Night Moves, 1975). Um de seus filmes “menores”, Morte no Inverno (Dead of Winter, 1987), está entre os meus favoritos.
Os quadros que aparecem no filme são de Gretta Sarfaty. Nascida na Grécia, Gretta mudou-se com a família para São Paulo, aos 7 anos, naturalizando-se brasileira. Ganhou reconhecimento internacional no final dos anos 1970.
O Retrato estreou na TV americana em 13 de fevereiro de 1993, na TNT. Na TV brasileira, estreou em 26 de julho de 1997, na Sessão de Gala, da Globo.
Eduardo Souza Lima, que escrevia as sinopses dos filmes na TV para o Segundo Caderno do jornal O Globo, destacou a estreia:
"(...) Na Globo, à 1h25m, O Retrato (1993), um ótimo telefilme do irregular Arthur Penn, com Gregory Peck e Lauren Bacall, que já pagam o ingresso. Cecilia Peck, filha do ator, interpreta uma jovem artista plática, cujos quadros foram pintados na verdade por Gretta Sarfaty, atriz brasileira radicada nos Estados Unidos (...)." (Eduardo Souza Lima, O Globo, 26 de julho de 1997)
Lançado em VHS também no Brasil, na década de 1990, pela Videolar.
Não confundir com o thriller de terror O Retrato (The Portrait, 2023), de Simon Ross e nem com o musical filipino O Retrato (Ang larawan, 2017), de Loy Arcenas (lançado internacionalmente como The Portrait).
Nenhum comentário:
Postar um comentário