Telefilmesquecidos #81
O casal Frank (George Segal) e Helen (Stockard Channing) tem duas filhas, Susan (Viveka Davis), de 15 anos, e Kelly (Christa Denton), de 12. Uma típica família americana de classe média, sem grandes problemas. Até que Susan sofre um acidente de carro e seus pais descobrem, estarrecidos, que ela é viciada em álcool e drogas.
Mas os pais — chocados com o fato de sua inocente garotinha ter "perdido o controle" por causa de bebida e drogas — estão em negação e tentam minimizar o problema. Susan jura que aquela foi a primeira e única vez em que usou drogas e que aquilo não voltará a acontecer. Mal sabem eles que Susan já perdeu o controle emocional faz tempo.
Frank e Helen acabam descobrindo que Susan está indo mal na escola. Para piorar, encontram, no quarto da jovem, uma caixa escondida onde ela guardava drogas. Agindo de modo autodestrutivo, Susan espanca a irmã mais nova, foge de casa e acaba em um estado de estupor.
O casal, enfim, decide internar Susan em um centro de reabilitação administrado pelo Doutor Royce (Andrew Robinson), onde será supervisionada por jovens ex-drogados.
A chamada “guerra contra as drogas” nos EUA estava no auge em meados da década de 1980. Projeto de Amor foi um dos telefilmes que ajudou a alimentar o pânico então crescente.
Baseado no livro Not My Kid [Meu filho não], de Beth Polson (que também atuou como produtora executiva do filme) e Miller Newton, publicado em 1984. O roteiro para a TV, de Christopher Knopf, não poupa clichês.
O nome do livro é o título original do telefilme, que na TV brasileira ganhou o piegas título Projeto de Amor.
O elenco é irregular. George Segal, muito experiente no cinema e na TV, tenta dar peso dramático ao papel mal desenvolvido do patriarca. Stockard Channing é sempre ótima, mesmo em um papel estereotipado como o da mãe que insiste em negar o problema da filha. De qualquer forma, não tem como vê-la sem se lembrar de seu papel mais marcante no cinema, a Rizzo de Grease - Nos Tempos da Brilhantina (Grease, 1978). E Viveka Davis, no papel da adolescente drogada, está abaixo da média.
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George Segal |
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Stockard Channing |
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Viveka Davis |
O diretor Michael Tuchner, que havia dirigido alguns filmes para o cinema na década de 1970, como O Medo é a Chave (Fear Is the Key, 1972), migrou para os telefilmes e seriados de TV a partir da década de 1980.
Projeto de Amor estreou na TV americana em 15 de janeiro de 1985, na CBS. A estreia na TV brasileira foi em 6 de outubro de 1990, na Globo.
Vale lembrar que telefilmes sobre jovens drogados pipocaram aos montes na mesma época de Projeto de Amor. Naquele mesmo (1985), em outubro, O Poder do Amor (Toughlove, 1985) estreou na ABC. Em 1990, chegou à TV brasileira pelo SBT. Ainda em 1990, Coragem (Courage, 1986), que havia estreado na TV americana em setembro de 1986, também chegou ao SBT. Dois anos depois, a emissora reprisou Coragem com o título alterado para Amor e Coragem.
Telefilmes anteriores como Drama de Uma Adolescente (Sarah T. - Portrait of a Teenage Alcoholic, 1975) e Quero Salvar uma Vida (The Boy Who Drank Too Much, 1979), por exemplo, já haviam abordado o problema das drogas e do alcoolismo entre adolescentes. Isso sem falar em programas como o ABC Afterschool Specials, cujo episódio Stoned [chapado], que foi ao ar em novembro de 1980, mostrava um adolescente nerd e acanhado que experimenta maconha e vira "outra pessoa".
Na década de 1980, Angel Dusted (1981) e Cocaine: One Man’s Seduction (1983) já haviam tratado de problemas da classe média como o vício em drogas, bem como Nas Garras do Vício (Under the influence, 1986), só para citar alguns. Desperate Lives (1982), feito para o cinema, também lidava com a questão de drogas entre jovens norte-americanos de classe média.
Aparentemente, todo telefilme sobre jovens drogados ganhava um título com a palavra “amor” na televisão brasileira. Tanto Amor e Coragem quanto O Poder do Amor foram lançados em VHS no Brasil, porém sem “amor” nos títulos: Amor e Coragem virou apenas Coragem, enquanto O Poder do Amor ganhou o título Overdose.
Para não fugir à regra, Projeto de Amor também foi lançado em VHS no Brasil, mas com outro título, infinitamente melhor que o da TV: Drogas Nunca Mais.