No começo da década de 1970, o Jornal do Brasil publicava, aos domingos, um caderno infantil. O Caderno I trazia matérias escritas especialmente para o público infantojuvenil, sobre história geral, curiosidades, ciências, literatura, brincadeiras, receitas etc. Textos educativos e recreativos, escritos com extrema inteligência e leveza, primorosamente ilustrados. Além das matérias, tiras da Turma da Mônica, do Snoopy e outros. Sessão de cartas e classificados também faziam parte do caderno.
Antes de ontem, ao organizar antigas caixas da minha mãe, encontrei alguns recortes que ela guardava do Caderno I, do tempo em que ela lecionava.
Antes de ontem, ao organizar antigas caixas da minha mãe, encontrei alguns recortes que ela guardava do Caderno I, do tempo em que ela lecionava.
Lembrei-me de muitos contos, poemas e histórias em quadrinhos daqueles recortes que eu tanto lia quando criança (apesar de não serem do meu tempo). Mas o que mais me chamou a atenção ao revê-los, hoje, foi a sessão de classificados infantis ("Servicinho"). Lendo os anúncios, tão ingênuos, que as crianças mandavam para o caderno, não pude deixar de rir de vários deles. Não por deboche, mas por achar graça da inocência daqueles pedidos, dicas, sugestões e recados, escritos por crianças mais de quatro décadas atrás. O linguajar, atualmente, seria inimaginável. Mesmo com algumas gírias, o tom das crianças ainda carregava certa formalidade (ou precocidade?) naquele começo dos anos 1970. E muita criatividade. Alguns termos — hoje não muito politicamente corretos — também me fizeram rir. Selecionei alguns anúncios, publicados ao longo de 1973, na seção "Servicinho":
Deve ter sido dureza, ter de se desfazer do Forte Apache, do trem elétrico, da mesa de botão e do Autorama. Eu teria batido o pé e teria levado brinquedos tão preciosos.
ResponderExcluir