31 março 2017

Bette Davis em seis ótimos telefilmes


Bette Davis está novamente em voga com a ótima repercussão da série Feud: Bette and Joan (2017), em exibição aos domingos no canal Fox Premium. Quem acompanha o blog sabe que Bette é minha atriz favorita, paixão das paixões. Pois bem, todos estão carecas (ou quase) de tanto ouvir falar em filmes emblemáticos como Jezebel, A Carta, A Malvada, O Que Teria Acontecido a Baby Jane? e outros títulos protagonizados por Bette e imortalizados no cinema.


Mas uma grande parcela do público não costuma prestar atenção aos trabalhos que a atriz fez para a televisão, na fase final de sua carreira (embora, na época, ela não considerasse de forma alguma que era a "fase final"). Se hoje a televisão coloca os holofotes novamente sobre Bette Davis e as peculiaridades de sua vasta carreira, quatro décadas atrás foi a televisão também que abrigou o enorme talento da atriz, grande demais para ser aposentado. "Jamais cometerei o erro de anunciar que estou me aposentando", disse ela, quando já tinha mais de 70 anos. "Se fizer isso, estou acabada. Tenho de acreditar que continuarei a interpretar papéis de mulheres cada vez mais velhas… mas sempre como protagonista. Nisso sou inflexível. Gostaria de encerrar minha carreira com meu nome aparecendo em cima do titulo do filme."


Na década de 1970, sem conseguir papéis relevantes no cinema, a atriz continuou, bravamente, tocando sua carreira com dignidade e empenho, acolhida pela televisão. Mesmo que na época a tevê ainda fosse considerada um veículo "menor" e de menos prestígio, Bette desempenhava seus papéis nos telefilmes com a mesma paixão e profissionalismo que haviam se tornado suas marcas registradas no cinema. Já na casa dos 70 anos, ela protagonizou vários filmes para a tevê, muitos deles elogiados. Podiam não ter a grandiosidade das produções que ela estrelara no cinema, entre os anos 1930 e 1950, mas certamente contavam com o mesmo brilho das inesquecíveis atuações de Davis. Considero seis deles imperdíveis:


O Desaparecimento de Aimée (The Disappearance of Aimee)
Estreou na TV em 17 de novembro de 1976
Direção: Anthony Harvey
Elenco: Faye Dunaway, Bette Davis, James Woods

A história real do misterioso desaparecimento da pregadora protestante Aimée Semple McPherson (Faye Dunaway), em 1926, durante cinco semanas. Ao reaparecer, alega que havia sido sequestrada e divide opiniões. Bette Davis faz Minnie, a mãe que não acredita na história. O suspense é mantido e a narrativa é instigante. Elenco de primeira e produção caprichada. Muitas histórias de bastidores, especialmente a que se tornou mais notória: Bette odiou Dunaway logo de cara, devido ao desinteresse que Faye demonstrava pelo filme, seu ar blasé e seus atrasos para as gravações — um comportamento inadmissível para uma profissional como Bette. (Ironicamente, alguns anos depois Dunaway interpretou a maior rival de Bette, Joan Crawford, no filme Mamãezinha Querida). Lançado no Brasil também em vídeo. 

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Difícil Reencontro (Strangers: The Story of a Mother and Daughter)
Estreou na TV em 13 de maio de 1979
Direção: Milton Katselas
Elenco: Bette Davis, Gena Rowlands, Ford Rainey

Abigail (Gena Rowlands), que deixou a casa dos pais após um rompante de desentendimento, retorna 20 anos depois para tentar reconstruir o relacionamento com Lucy (Bette Davis), a mãe ressentida e solitária. Com dificuldade, Abigail vai quebrando o gelo aos poucos, até que as coisas começam a se encaminhar para um entendimento entre as duas mulheres. Mas Lucy descobre que a filha está com uma doença terminal e a acusa de egoísta e interesseira. Novamente um embate se inicia entre mãe e filha. Davis e Rowlands estão impecáveis em papéis fortes e tocantes, que não caem na pieguice costumeira dos telefilmes. Bette Davis ganhou um merecido Emmy Award por sua atuação. Na minha opinião, o melhor telefilme da carreira de Davis.

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Mamãe Branca / Com Afeto Contra a Violência (White Mama)
Estreou na TV em 5 de março de 1980
Direção: Jackie Cooper
Elenco: Bette Davis, Ernest Harden Jr., Eileen Heckart

Davis interpreta Adele, uma viúva idosa, pobre e solitária, que vive em um prédio de apartamentos, num bairro pobre de negros. Orgulhosa demais para simplesmente aceitar o auxílio do governo, a velha insiste em continuar vivendo naquele gueto. No entanto, se ela adotar uma criança, passa a receber uma ajuda de custo para ser mãe de criação. Dessa forma, assume os cuidados do adolescente negro B.T. (Ernest Harden Jr.). Logo de cara, a relação dos dois se mostra complicada. Adele pretende ensinar ao jovem, acostumado à dureza das ruas,  valores como afeto, respeito e confiança. Em contrapartida, o rapaz vai se tornando uma companhia para Adele e, com o tempo, passa a enxergar nela a mãe que nunca teve. Mas antes disso, os dois passarão por poucas e boas. White Mama rendeu outra indicação ao Emmy para Bette Davis.

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Liberdade nos Céus (Skyward)
Estreou na TV em 20 de novembro de 1980
Direção: Ron Howard
Elenco: Bette Davis, Howard Hesseman, Suzy Gilstrap

Billie Dupree (Bette Davis) é uma instrutora de voo de um velho aeroporto do Texas. Julie (Suzy Gilstrap), uma adolescente paralítica, descobre o aeroporto ao observar aeromodelos voando. Decide, então, que quer aprender a pilotar. Começa fazendo amizade com Koup (Howard Hesseman), um simpático mecânico de aviões que trabalha com Billie. Koup se esforça dia e noite para tentar colocar um velho aeromodelo para voar. Não vai ser fácil para Julie se aproximar da durona e experiente Billie, mas a instrutora acaba concordando em ensinar a garota a voar, usando alguns controles especiais para compensar sua limitação física. O problema é que Julie faz tudo isso sem que a família saiba, o que vai causar o desentendimento entre ela e Billie. A garota que interpreta Julie é realmente paralítica

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Um Piano Para Mrs. Cimino (A Piano for Mrs. Cimino, 1982)
Estreou na TV em 3 de fevereiro de 1982
Direção: George Schaefer
Elenco: Bette Davis, Penny Fuller, Christopher Guest

Singelo e comovente drama baseado no livro homônimo de Robert Oliphant. Esther Cimino (Bette Davis) é uma viúva de 73 anos, considerada incapaz, pelo filho, de cuidar de si mesma e de seus bens. Apesar de seus protestos, Esther é considerada incapaz pela justiça também, o que fará com que ela lute para recuperar novamente sua autonomia e sua dignidade. Enquanto isso, seus bens são colocados nas mãos de um administrador e Esther é internada. Atordoada, descobre que todas as suas posses foram vendidas, incluindo seu amado piano. Aos poucos vai restaurando sua saúde e inicia uma jornada em busca de sentido para a própria existência. Ela quer agora recuperar o controle de sua vida. Cheio de momentos tocantes e bem-humorados, o filme e a atuação de Davis são deliciosos.

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Direito de Morrer (Right of Way, 1983)
Estreou na TV em 21 de novembro de 1983
Direção: George Schaefer
Elenco: Bette Davis, James Stewart, Melinda Dillon

Filmado em 1982 pelo mesmo diretor de Um Piano Para Mrs. Cimino, aqui Bette Davis e James Stewart — duas lendas da era de ouro do cinema — são reunidos pela primeira vez em um filme. Mini (Davis) e Teddy (Stewart), um casal idoso, decide pôr fim à vida quando a mulher contrai uma doença fatal. Mas a filha deles, com a ajuda do serviço de assistência social, tenta mudar a decisão. Baseado na peça de Richard Lees, de 1978, o filme gerou certa polêmica pelo tema delicado. O suicídio é uma alternativa válida para um casal de idosos que não quer se separar e nem testemunhar a própria degradação física causada pela velhice e pela doença? Apesar das atuações irrepreensíveis de Davis e Stewart e do tema controverso, não deixa de ser uma história deprimente. Três finais diferentes foram filmados. Lançado no Brasil também em vídeo.


Um comentário:

  1. Maninho Daniel, printei esse post pra fazer busca desses filmes. Sou fã de Hitchcock e por conseguinte de James Stewart. Ele e a super incrível Bette Davis juntos em cena é algo que me obrigo a caçar pra ter o deleite de assistir.
    Mais uma vez impressionado com sua bagagem de filmes. Vc é show!

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