No começo dos anos 1970, uma febre editorial tomou conta do mundo: a Astrologia. O filão, que ganhou força no fim da década de 1960, encontrou seu expoente na figura enigmática de Linda Goodman.
Linda Goodman nos anos 1960 |
Astróloga e pesquisora norte-americana, Goodman tornou-se um dos nomes mais importantes do esoterismo mundial, após o lançamento do best-seller Seu Futuro Astrológico (1968), o livro que popularizou a Astrologia na Era de Aquário. Originalmente intitulado Linda Goodman's Sun Signs, a obra encabeçou a lista dos mais vendidos do New York Times no mesmo ano em que foi publicado. Até hoje é popular em livrarias mundo afora.
Apesar de atualmente um tanto quanto datado, o livro traz curiosas análises dos diferentes tipos de personalidade, baseadas no horóscopo dos signos do Zodíaco. Foi o primeiro livro de Astrologia a entrar para a lista dos mais vendidos do New York Times.
Nada mal para uma autora que estreava aos 43 anos. Mas, ao contrário do que muitos podem imaginar, Linda era uma mulher excêntrica e reclusa, avessa a badalações. Extremamente dedicada às pesquisas e estudos astrológicos, lançou, em 1978, outro estouro de vendas: Os Astros Comandam o Amor (Linda Goodman's Love Signs). O calhamaço, de 900 páginas, é recheado de frases capazes de chamar a atenção da maioria dos leitores — não sem aquela inconfessável ponta de embaraço — que se aventurarem a folheá-lo:
"Um homem de Gêmeos pode encontrar felicidade com uma mulher de Virgem?"
"A relação entre uma escorpiana e um libriano será um tranquilo mar de rosas ou um eterno estourar de fogos?"
"Se você ê de Touro, ou vai amar ou odiar a pessoa de Escorpião. Não existe meio-termo."
Os capítulos são cheios de menções, que vão do clássico infantil Peter Pan, de J.M. Barrie, a outras fontes como o Evangelho, o pensamento dos Índios do Velho Oeste da América do Norte e o escritor Henry James.
O livro é salpicado por essas controversas visões e filosofias. De cara, começa com várias páginas de citações bíblicas e até mesmo uma carta escrita para sua filha, Sally, falecida em decorrência de uma overdose de anfetaminas em 1973 — uma morte que Linda acreditava ser, na verdade, a tentativa de esconder uma fuga. Tanto que, na carta, ela se dirige abertamente à filha como se esta estivesse viva e lendo o livro em 1978.
Extravagâncias à parte, desde sua primeira edição, Os Astros Comandam o Amor vendeu mais de um milhão de cópias. "Linda basicamente se opunha a lidar com a imprensa", explicou seu ex-assessor de imprensa, Arthur Klebanoff. "A única entrevista concedida à revista People, durante os anos em que trabalhei com ela, focou-se na morte de sua filha e não fez jus à Linda. Na verdade, o fato de Linda ser inacessível acabou virando um atrativo de marketing."
Em 1988, mais um lançamento da autora: Signos Estelares (Linda Goodman's Star Signs). De acordo com o New York Times, as vendas totais de Linda, dos três livros, em 15 línguas diferentes, somam mais de 60 milhões de cópias. Segundo o próprio jornal, "o que diferenciava os livros de Goodman era a combinação de seus insights precisos e seu estilo elegante e acessível."
Das pouco consistentes informações disponíveis sobre a autora, em seus próprios livros, é possível supor que Linda Goodman era uma mulher paradoxal, contraditória. Era mãe orgulhosa de sete filhos — dos quais dois não passaram da infância —, ainda que todos eles tenham se distanciado dela. Era uma patriota ferrenha, embora acreditasse piamente que o Governo norte-americano estivesse por trás de um plano secreto envolvendo a morte de sua filha Sally. Era uma estudiosa franciscana e também simpatizante do Vaticano, apesar de ter sido criada na tradição católica americana — sem contar que foi também considerada herege.
Goodman criticava astrólogos e conselheiros espirituais que cobravam por seus serviços, mas ela própria estava na lista dos autores mais lucrativos de sua geração. Vendeu os direitos da edição de bolso de Seu Futuro Astrológico pela fabulosa soma de 225 milhões de dólares, mas morreu sozinha e sem dinheiro.
Linda Goodman, perto do fim da vida |
Entre os poucos amigos, era considerada tanto carente como reclusa. Era, ao mesmo tempo, celebridade e eremita. Foi da primeira geração de diabéticos e dispor de insulina, mas optou por se tornar uma "frutariana" (pessoa que ingere apenas frutas e sementes cruas), o que pode ter levado à amputação de parte de sua perna, pouco antes de morrer, aos 70 anos. No fim de sua vida, seus filmes favoritos eram ...E o Vento Levou (Gone with the Wind, 1939) e Irmão Sol, Irmã Lua (Fratello Sole, Sorella Luna, 1972). Ela os exibia regularmente em casa, para seus seletos amigos íntimos. Morreu falida e solitária, em 1995.
Signos estelares mostra a verdade sobre o universo simbólico que existimos, e ela acertou quando disse que o amor vencerá.Ele ( Deus) sempre vence.
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