Telefilmesquecidos #91
Em 1954, um avião com uma freira e um grupo de meninas de uma escola católica, fugindo da Guerra da Indochina, cai em uma ilha do Pacífico Sul.
Pula para 1979. Gordon Duvall (Peter Lawford), milionário do petróleo, usa seu avião particular para levar seu funcionário Danny (Michael McGreevey) – cego por um ferimento – a um hospital, onde o sujeito deverá ter sua visão recuperada.
Mas o piloto alcoólatra Stu (Sandy McPeak) se perde da rota após os equipamentos de rádio e navegação do avião serem danificados em uma tempestade. Isso os força a pousar no que acreditam ser uma ilha desconhecida e isolada.
Além de Gordon, Danny e Stu, estão também Mike (Steven Keats), Wendell (Clint Walker) e J.J. (Guich Koock), guarda-costas do milionário. Mas os seis homens logo descobrem que a ilha é habitada por um grupo de mulheres na faixa dos 25 anos.
As tais mulheres têm vocabulário limitado, mas recitam orações na presença de uma cruz improvisada com uma hélice. Elas têm nomes infantis como Snow (Kathryn Daniels), Chocolate (Jayne Kennedy), Flower (Rosalind Chao), Bambi (Deborah Shelton) e Jo Jo (Susie Coelho) e frequentemente entram em conflito com uma tribo de homens "cortadores de cabeça", de uma ilha vizinha.
A líder da tribo de mulheres, um pouco mais velha, na casa dos 30, é a hostil Lizbeth (Jaime Lyn Bauer). Sobre todas as questões importantes, ela consulta a Irmã Teresa, que nunca é vista, mas é respeitada e temida pelas moças.
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Jaime Lyn Bauer |
Os homens logo fazem amizade com as nativas. Inclusive um deles, Mike, se envolve romanticamente com uma delas e quer desvendar o mistério da nunca vista Irmã Teresa.
Lizbeth concorda em ajudar os homens se eles ajudarem a tribo de mulheres a lutar contra os canibais "cortadores de cabeça". Mas, na verdade, o que ela pretende é matar os seis homens do avião de Gordon.
A história, risível, mais parece um episódio de Ilha da Fantasia (Fantasy Island) ou de algum seriado da época. Tudo neste telefilme é previsível, inverossímil e kitsch, o que o torna irresistível.
As atrizes são fraquíssimas, mas o que interessa aqui é o fato de serem jovens e belas mulheres (para justificar o título original do filme). Apesar de viverem isoladas do mundo feito criaturas selvagens, sem nenhum contato com a civilização, elas têm peles perfeitas, dentes branquíssimos, cortes de cabelo condizentes com o período, sobrancelhas e axilas depiladas e são todas esculturais. Estão mais para As Panteras do que para moças selvagens de uma ilha perdida.
Apesar de feitas pelas próprias moças com os limitadíssimos recursos da ilha, as “roupas” (leia-se trajes sumários) são sexy e impecavelmente sob medida, além de condizerem com a moda da época. (Para mim esse é o grande mistério do filme).
Já o elenco masculino é composto por figurinhas fáceis de telefilmes, como Steven Keats, e ex-astros de Hollywood como Peter Lawford e Clint Walker.
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Steven Keats |
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Clint Walker |
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Peter Lawford |
O diretor, Joseph Pevney – mais lembrado pelos vários episódios de Jornada nas Estrelas (Star Trek, 1966–1969) que dirigiu – começou como ator e tornou-se um grande diretor de sua época. Dirigiu mais de 80 produções entre a década de 1950 e a de 1980, incluindo filmes para o cinema como Ao Compasso da Vida (Meet Danny Wilson, 1952), Frenesi de Paixões (Female on the Beach, 1955), A Flor do Pântano (Tammy and the Bachelor, 1957) e O Homem das Mil Caras (Man of a Thousand Faces, 1957), entre outros, além de filmes para a televisão e inúmeros seriados.
O título original, traduzido ao pé da letra (“A ilha misteriosa das mulheres bonitas”), pode ser terrivelmente cafona e apelativo, mas ainda é melhor que o insosso título em português No entanto, o título alternativo em inglês é Island of Sister Theresa, de onde provavelmente saiu o título em português.
Estreou na TV americana em 1° de dezembro de 1979, na CBS. No Brasil, estreou em 22 de junho de 1981, na Bandeirantes.
A primeira frase da sinopse da Folha de S. Paulo sobre o filme, quando foi reprisado na TV brasileira, disse tudo: “Aventura feita para a televisão por diretor de nível, mas enfrentando um argumento no mínimo esquisito”. (Folha de S. Paulo, 28 de setembro de 1981).
Nos EUA, foi lançado em VHS, na década de 1980. Em 2022, a Kino Lorber lançou o telefilme em blu-ray.
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