24 junho 2015

Quero ser Michael Caine


Michael Caine (nascido Maurice Joseph Micklewhite, em 14 de março de 1933) é, sem dúvida, um dos atores ingleses mais conhecidos e renomados. Ao longo de sua carreira — que continua a todo vapor — fez mais de 120 filmes, recebeu inúmeras indicações para prêmios de atuação e levou o Oscar duas vezes, por Hannah e Suas Irmãs (Hannah and Her Sisters, 1986) e Regras da Vida (The Cider House Rules, 1999).


Sua enorme capacidade de adaptação a cada novo personagem contribuiu para a profusão de papeis. Michael Caine é capaz de mudar completamente o sotaque, o cabelo ou ganhar e perder peso, mas uma coisa jamais muda: o olhar. Para ele, atores não devem piscar. Isso faz, segundo ele, o personagem parecer fraco. 

A carreira foi iniciada nos anos 1950 e decolou nos 1960, época em que estrelou uma série de filmes bem aclamados como Zulu (1964), Arquivo Confidencial (The Ipcress File, 1965), Alfie (1966, que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar), Um Golpe à Italiana (The Italian Job, 1969) e A Batalha Britânica (Battle of Britain, 1969).

Nos anos 1970, seguiu com destaque em filmes como O Vingador (Get Carter, 1971), O Último Refúgio (The Last Valley, 1971), Trama Diabólica (Sleuth, 1972, pelo qual recebeu sua segunda indicação ao Oscar), O Homem que Queria Ser Rei (The Man Who Would Be King, 1975) e Uma Ponte Longe Demais (A Bridge Too Far, 1977).

No final da década de 1970, no entanto, suas escolhas tornaram-se menos criteriosas e sua carreira começou a oscilar entre filmes bons e outros bem duvidosos. Caine fazia, em média, dois filmes por ano, mas, aparentemente, sem muito parâmetro. O Enxame (The Swarm, 1978) foi, talvez, o que tenha dado o pontapé inicial na série de produções, digamos, embaraçosas, que o nobre ator estrelou. No ano seguinte, outro fiasco: Ashanti (1979), que, segundo o próprio Caine, assim como O Enxame, está entre seus piores filmes. Não satisfeito, participou de uma penca de longas que foram fracassos de público e crítica: O Dramático Reencontro no Poseidon (Beyond the Poseidon Adventure, 1979), A Ilha (The Island, 1980) e A Mão (The Hand, 1981). Pelo menos Vestida Para Matar (Dressed to Kill, 1980), de Brian De Palma, salvou a pátria nessa temporada.

Caine nunca perdeu tempo sentindo-se por baixo ou se remoendo sobre escolhas infelizes. Nem tinha tempo para isso, pois estava sempre envolvido em algum novo projeto. "Tem coisas que fiz em minha vida, das quais deveria me arrepender. Não me arrependo", disse ele. Seu prestígio como ator ressurgiu nos anos 80, com O Despertar de Rita (Educating Rita, 1983), que lhe valeu um Globo de Ouro e mais uma indicação ao Oscar de Melhor Ator. Em 1986, finalmente recebeu sua primeira estatueta da Academia, por Hannah e Suas Irmãs, uma das comédias mais lembradas de Woody Allen.

"O Despertar de Rita" (1983)
Recebendo o Oscar, em 2000, por "Regras da Vida"
Por sua contribuição ilustre à sétima arte, Michael Caine, um típico gentleman britânico, ganhou o título de "sir", da rainha Elizabeth. Poucos artistas podem ostentar um currículo com tantos trabalhos no cinema como ele, certamente um dos maiores atores vivos. Os filmes "obscuros" dos quais participou em nada diminuem seu enorme talento e versatilidade. Um resenhista do Jornal do Brasil, disse, certa vez, referindo-se a seus filmes: "Michael Caine é um bom ator, pena que faça qualquer coisa que renda um trocado". Eu não acho uma pena, pelo contrário. Como este blog tem uma predileção por obscuridades, fiz um Top 5 com os melhores "piores filmes" de Michael Caine.


1. O Enxame (The Swarm, 1978)


Irwin Allen, famoso por ter dirigido e produzido, respectivamente, os dois maiores filmes-catástrofe dos anos 1970, O Destino do Poseidon e Inferno na Torre (sucessos absolutos de bilheteria), afundou feio em O Enxame. Extremamente monótono, o filme parece interminável, apesar do elenco cheio de estrelas (Richard Widmark, Richard Chamberlain, Olivia de Havilland, Henry Fonda...). Foi execrado e renegado pelos proprios atores.

Caine vive aqui o entomologista Bradford Crane, que comanda uma força-tarefa para tentar deter o avanço de abelhas assassinas vindas da África (ou Brasil). Enquanto não se acha uma solução, o número de vítimas do enxame (“mais terrível que qualquer exército do mundo”) vai só aumentando. Os nefastos insetos assassinos atacam até mesmo uma usina nuclear, provocando sua explosão e a morte de milhares de pessoas. Tragédia pouca é bobagem. Em todos os sentidos.





2. O Dramático Reencontro no Poseidon 
(Beyond the Poseidon Adventure, 1979)


Também dirigido por Irwin Allen, o longa foi estrelado por Michael Caine e Sally Field. Fracasso comercial e de crítica, foi o único filme-catástrofe de Allen que não recebeu nenhuma indicação ao Oscar. Pudera, pois esta suposta sequência do maravilhoso O Destino do Poseidon (The Poseidon Adventure, 1972) é extremamente arrastada e desinteressante.

Duas equipes de socorro procuram por sobreviventes pouco antes do naufrágio do Poseidon, mas descobrem uma fortuna no cofre do navio (ouro, dinheiro e até mesmo plutônio). A ideia é resgatar sobreviventes antes que o Poseidon afunde de vez. Mas o que será salvo? Os sobreviventes que restaram ou os bens materiais? Melhor mesmo é passar para o próximo filme.





3. A Ilha (The Island, 1980)


Baseado no livro homônimo de Peter Benchley (que também assinou o roteiro), autor de Tubarão, prometia as emoções da adaptação de Tubarão (Jaws, 1975) para o cinema, mas foi um fiasco retumbante. Michael Caine vive um jornalista divorciado que vai investigar o desaparecimento de pessoas e barcos numa ilha do Caribe. Leva junto o filho pré-adolescente, mas a viagem acaba mal: o jornalista descobre uma comunidade de piratas que se comportam como se vivessem no século XVII. Os tais piratas modernos, que vivem de atacar cruzeiros de ricos, aprisionam o jornalista e fazem uma lavagem cerebral em seu filho, que se converte em pirata também.

"Estão reunidos, portanto, um produtor que diz conhecer perfeitamente o gosto popular, um diretor que quando quer sabe ser habilidoso, um autor de romances povoados de mistérios e suspense, e atores como Michael Caine, David Warner, Angela Punch McGregor e o garoto Jeffery Frank, mesmo porque as aventuras tipicamente hollywoodianas feitas hoje em dia têm de ter um menino ou uma menina no elenco." (Orlando L. Fassoni, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 15/09/1980). Nem isso foi capaz de salvar o filme.





4. A Mão (The Hand, 1981)


Dirigido pelo conceituado Oliver Stone (Platoon, JFK – A Pergunta que Não Quer Calar, Wall Street – Poder e Cobiça e Assassinos por Natureza), a trama não poderia ser mais insólita: Michael Caine é um respeitado cartunista que mora com a esposa e a filha. Mas seu casamento não anda muito bem e sua mulher quer dar um tempo. O inconveniente: ele recebe a notícia justamente quando está dirigindo. O acidente é inevitável. 

Como se não bastasse, o cartunista perde nada menos que a sua mão direita, a mesma que ele usa para desenhar. A mão desaparece do local do acidente. Quando uma série de assassinatos começa a acontecer, tudo leva a crer que o membro, possuído por um instinto de vingança, está castigando todos que perturbam seu antigo dono. Caine realmente não estava em boas mãos...





5. Tubarão IV - A Vingança (Jaws: The Revenge, 1987)


Quarto filme da série Tubarão, que começou com enorme sucesso em 1975 e depois foi só caindo. Desta vez, o protagonista é Michael Caine. Na  factícia Amity Island, o tubarão inicia sua vingança (e desde quando tubarão se vinga?), começando pela morte de Sean, o filho mais novo de Ellen (personagem do primeiro filme). Fragilizada pela morte do filho, a viúva parte para as Bahamas, onde conhece Hogie (Michael Caine). 

Mas ela acredita que sua família está sendo perseguida por outro tubarão branco em busca de vingança. Depois de muitos acontecimentos, a típica luta final acontece e tubarão tem fim pela quarta vez. Indicado a sete Troféus Framboesa, é considerado um dos piores filmes de todos os tempos.

3 comentários:

  1. Ótimo post. E eu que vi 'Tubarão 4' no Netflix recentemente e achei simpático! Hahaha!

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  2. Nossa, já perdi a conta de quantos "piores filmes de todos os tempos" eu considerei 'simpáticos' e até gostei hahahaha ;-)

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  3. Hahahaha. Pois é... Somos tão 'especiais'!

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