05 abril 2009

O aniversário da "malvada"


Se a insubstituível Bette Davis ainda estivesse entre nós, estaria completando hoje 101 anos. Parece improvável? Que nada. Vejam como Dercy Gonçalves foi longe. Sem falar no Niemeyer... Bem que ela poderia estar nos brindando com seu talento. Bette Davis na verdade é nome artístico. Seu nome real era Ruth Elizabeth Davis, (5 de abril de 1908 — 6 de outubro de 1989). É até redundante falar que ela foi uma das maiores atrizes hollywoodianas. E, sem dúvida, minha atriz favorita. Estigmatizada pela marca da maldade, Bette colocava em suas interpretações toda a fúria contra os esquemas dos estúdios, que lucravam cada vez mais com sua acidez.

Natural de Lowell, Massachussets (EUA), seus pais foram Ruth Favor e o advogado Harlow Morrel Davis, descendente de uma família de pioneiros que, no século XVII, se estabeleceu na costa leste dos Estados Unidos. Um fato marcante na vida da atriz foi o abandono da sua família pelo pai, o que acabou por fortalecer a relação de Bette com a mãe.


Após alguns anos trabalhando no teatro, Davis mudou-se para Hollywood em 1930, onde interpretou papéis menores em alguns filmes da Universal Studios. Em 1932, por influência do ator veterano George Arliss, seu antigo professor de interpretação, ela foi contratada pela Warner Bros., onde permaneceu até 1950, tornando-se uma das atrizes mais populares da época.

Primeira a receber dez indicações ao Oscar, Davis foi vencedora de duas estatuetas, por Perigosa (Dangerous, 1935) e Jezebel (1938). Simplesmente foi indicada ao Oscar por cinco anos consecutivos, de 1938 a 1942, sendo recordista de indicações. Ao lado do ator John Garfield, fundou e comandou a Hollywood Canteen, que angariava fundos e entretia soldados norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Davis foi a primeira mulher a presidir a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Jezebel (1938)
Consciente de que beleza física não era seu melhor atributo, Bette atingiu o estrelato pela contramão. Não tentou ser "deusa" e nem bela. Ao contrário, era sutilmente sensual. "Nenhuma maquiagem do mundo conseguiria me transformar numa Jean Harlow", disse. Sabendo disso, explorou até o limite sua capacidade dramática e criou o mito pelo avesso, tornando-se estrela pelo próprio esforço. Mas os adjetivos que chamavam atenção nas traduções dos títulos de seus filmes muitas vezes não tinham nada a ver com ela. A verdade, a despeito do mito, não era como grande parte do público pensa. Por exemplo, a "malvada" do filme A Malvada (All About Eve, 1950) não é Bette, como muitos acham, e sim Anne Baxter (a Eve do título original).

Bette foi também responsável pela elaboração do conceito de "mulher independente" que o cinema americano idealizou. Além de perversa, sádica e autoritária, suas personagens também conheceram facetas mais singelas. Dedicação, generosidade, firmeza de propósitos e perfeccionismo eram determinantes na composição de suas heroínas. "Sei que fiz por merecer a fama de má, mas às vezes me pergunto se não exageraram um pouco", disse ela, ao receber o prêmio do American Film Institute, em 1978.

Durante as filmagens de A Malvada, Bette apaixonou-se pelo galã Gary Merrill, seu quarto e último marido, e adotou dois filhos: Margo (que depois se revelou excepcional e precisou ser internada em um sanatório) e Michael. Bette tinha uma filha legítima, Barbara (conhecida como B.D.), do terceiro marido, o pintor William Grant Sherry, que nasceu quando a atriz estava com 39 anos.

Quando a idade começou a pesar, lá pelo final dos anos 1950 e início dos 1960, os trabalhos ficaram escassos e os estúdios a deixaram de lado. Não pensou duas vezes antes de lutar pelo que queria. E em 21 de setembro de 1962, colocou na Variety o famoso anúncio:


ARTISTA PROCURA EMPREGO

Americana, divorciada, mãe de três filhos (15, 11 e 10 anos). Trinta anos de experiência como atriz de cinema. Ainda em condições de movimentar-se e mais afável do que dizem os boatos. Deseja emprego em Hollywood. (Fartou-se da Broadway). Respostas para: Bette Davis a/c Martin Baum, G.A.C.

DÁ REFERÊNCIAS.


Foi nessa época que começou a fazer filmes para a TV e filmes de terror psicológico (como o megasucesso O Que Teria Acontecido a Baby Jane?), todos de baixo orçamento. Isso em nada a fez sentir-se menor. Seu desempenho, no entanto, continuava admirável, sob todos os aspectos.

O Que Teria Acontecido a Baby Jane? (What Ever Happened to Baby Jane?, 1962)
Aos 77 anos, extirpou os dois seios cancerosos. Para piorar, quebrou a bacia, após um tombo da escada, e ainda sofreu um derrame cerebral. Após intensa terapia, filmou seu último trabalho, As Baleias de Agosto (1987). Recebeu a mais alta comenda francesa, a Legião de Honra.

Não foi à toa que Humphrey Bogart a chamou de the warrior (a guerreira). Ela fez jus a essa definição até a morte, quando o câncer a venceu em um hospital de Paris, aos 81 anos. E fumou todos os dias, até morrer, dois maços de cigarros.

Kim Carnes prestou homenagem a ela em 1981 ao gravar Bette Davis Eyes. A música passou nada menos do que nove semanas consecutivas no primeiro lugar da Billboard Hot 100. Foram vendidas oito milhões de cópias do álbum que incluía a canção, vencedora do prêmio Grammy de Canção do Ano. Bette declarou-se fã da música e agradeceu aos compositores por terem feito dela uma parte dos tempos modernos.

Bette Davis e Kim Carnes em 1981
Possui duas estrelas na Calçada da Fama, uma referente ao seu trabalho no cinema e outra por seu trabalho na televisão.

3 comentários:

  1. Viu? Até as divas precisam se submeter aos classificados para arranjar emprego kakakaka :) Love you sweetie. beijos, malala

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  2. Uau, puta exemplo de como correr atrás do que a gente realmente quer, né?

    Injeção de ânimo na galera! Vamo que vamo!

    Saudade, meu bem. E o nosso encontrinho?

    beijão

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  3. Minha atriz preferida de todos os tempos. De um olhar profundo e marcante. De filmes belissimos e ferozes. Uma mulher geniosa, trabalhadora e ferina!

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